Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

UM SUAVE OLHAR QUE ACABA PERCORRENDO TODA A MINHA VIDA

Não sei se consigo contentar-me, arrogantemente, apenas com as palavras.

Poderei apenas fazê-lo assim: escrever ou dizer palavras, mas, ao fazê-lo, elas transformam-me imediatamente num ator, num protagonista, acabarão por me conduzir a um contexto determinado, a mim e a todos aqueles que possam ler ou ouvir. Uma coisa está conexa com a outra, e este é um dos grandes dilemas da palavra. Outra coisa bem diferente é a verdade factual que as palavras no permitem traduzir aquilo que acabamos por ver. E também, outra coisa bem diferente, a palavra permite-nos, no meio de um turbilhão de árvores que escondem a floresta profunda, revelar os nossos sentimentos mais profundos e íntimos, penetrando até às nossas emoções, despertando toda uma gama de desejos que enchem o nosso coração de orgulho.

Rir, meditar, desejar, falar, são tudo realidades que para se completarem têm que ter a proximidade corporal a quem desejamos, sentir o seu odor, os seus ínfimos pormenores, sem esquecer aquilo que parece ser o seu olhar com que nos mira, a admiração, o deslumbramento que nos causa quando a olhamos atenciosamente, e não é preciso que o seja na intimidade, uma simples visão dela a esvoaçar, complementada com as suas graciosas formas e a sensualidade que lhe é caraterística, é, por si só, o bastante para ficarmos rendidos a ela, nesse nosso olhar, que não se cansa nunca de admirar, sobre todas as suas belas formas corporais e que nos permitem desejar avistá-la o mais perto possível.

Uma borboleta passou agora mesmo à minha frente, solitária, colorida, com o seu voo que parece precário, mas capaz de percorrer grandes distâncias, e é essa borboleta que acaba por me revelar essa visão que acabo de ter.

Que fim terá essa borboleta? Chegará a emocionar outra alma? Contudo, ela acaba por desaparecer no meio da paisagem que me rodeia. Via-a, é certo, parecia que a tinha na mão, mas esvoaçou, foi-se, e afinal nunca a tive na mão, mas ao alcance de um olhar.  

Ficam-se, então, as palavras desse encontro fortuito com a borboleta!     

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub