SOLTEM AS AMARRAS…A BARCA SE VAI FAZER AO MAR
Procuro
Vasculho
Indago
E acabo por me perguntar:
Por onde andais almas nobres, generosas e principescas?
Mas, nessa procura,
Que sempre me interpela incessantemente
Acabo cruzando-me
Com as vaidades terrenas
De certas almas
Que emanam
Que exalam
Certos odores fétidos:
A podridão
Os livores cadavéricos
Fazem ninho
Põem os ovos
E deles sairá a morte
E toda a sua dor
De desespero atroz
Trajando de negro
Traiçoeira e peçonhenta…
Almas sequazes de um certo protagonismo
Movem-se em elegantes movimentos
Acabando por levitar
Imbuídos da parecença
Sobretudo da parecença
E ei-los que alcançam a glória da presunção
Justamente quando se posicionam
Na sua jangada
Jactante e arrogante
Que emerge na linha do horizonte
Sempre aconchegada na parecença
A dominar os acontecimentos
À espera de dar o último golpe
A derradeira cartada
Que os fará ganhar mais um título
Mais uma comenda…
Mas, virá o dia,
Em que cairá a máscara
Estatelar-se-á no solo aquele corpo sem rosto
Exibindo a sua pobre condição humana;
O valor
A competência
Que, presumiam, para si próprios
Ter à exaustão
Cairão fátuos
No solo
E ver-se-á, então,
A sólida vacuidade
E sobrará, apenas, a alucinação
A incompetência reforçar-se-á
Enfurecida e pressionada
Acabará gerando uma força interior
Que, explodirá, como um Géiser!
E a barca, então, se lança
Solene e altiva
Nas águas cálidas da indiferença dos outros!