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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

DIFERENTES PERSPETIVAS DA SOMBRA

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A sombra que nos persegue

A sombra que tememos

A sombra que nos angustia

A sombra que não queremos perder

A sombra que transportamos

A sombra que está para além dos limites

A sombra que nos favorece, ou não,

A sombra que não se desvia um milímetro da sua rota e circula por aí, leve e ligeira,

A sombra que nos liberta

A sombra que assiste ao render da guarda num dia cinzento

A sombra que estiola a paciência

A sombra que vai pela sombra

A sombra lunar

A sombra solar

A sombra que irrita

A sombra que desfalece

A sombra que amolece

A sombra que endurece

A sombra que nos sensibiliza: faz-nos amar ou odiar

A sombra agressiva

A sombra que é desfavorável

A sombra que vende ilusões, às resmas, como um vendedor da banha da cobra

A sombra que nos persegue, que inveja tudo e todos

A sombra que não quer saber das nossas problemáticas existenciais

 

A sombra que quer ser maior que o pensamento

A sombra que não se encolhe nunca

A sombra que é o nosso fantasma

A sombra que encara a vida sem medos

A sombra que é apenas 

Sombra:

Um lugar isolado onde se acomoda sossegada

A sombra assassina

A sombra benevolente

A sombra justiceira

A sombra que anuncia as formas corporais

 

A sombra capturada num dia de sol

Num parque repleto de verde

Entre o meio-dia e o começo da tarde

A sombra que escuta deliciada 

Os pássaros cantando em uníssono belas melodias

Piu…piu…chiu…chiu

 De árvore em árvore, de recanto em recanto,

Mas a sombra sabe tudo?

Como é que pode saber tudo, se não há ninguém que saiba tudo?

Agora, sombra, na tua resposta

Pareces mais benevolente

Já não pareces tão totalitária,

Ao contrário de algumas pessoas,

Assumes que te enganas

E,a ssim, enganas

Quem tanto te observa

Pois uma sombra desta envergadura

Quererá dizer que a substância que dela emana

é assim tão longilínea?

Observemos, então, a sombra

 E perguntemos:

Sombra, vais ter sossego?

Irás amar alguém?

E o que fazes, sombra,

Num local com esta visão priviligiada sobre uma certa natureza

Que, pela mão do homem, se trajou tão resplandecente desta forma?

Mas quem está primeiro no mundo?

A sombra?

Ou nós?

E que dizer das sombras das árvores?

Não são também sombras realmente originais? 

parque.jpg

 

FOLHA EM BRANCO

Branca página, de desespero

Branca neve, de tranquilidade  

Brancas rosas de pura alva matinal

Limbo esperançoso que acalma a nossa alma  

Página em branco

Assoma-se ao ecrã do meu computador

À espera que os neurónios me iluminem

E abarrotem de figuras negras o branco da página

Como se fosse um cenário polar

E as palavras que, aqui e ali, vão surgindo,

Aves famintas que esvoaçam para caçar

Grasnando naquele silêncio glacial;

Frase profunda, sentida

Evoca a expressão do olhar

Que antevejo nas tuas palavras

Ideias que te desassossegam

Imagens que não quero perder vista

Palmilho esse mesmo caminho que escolheste

A doçura dos teus lábios descerrados

Que rogam beijos suaves, entusiasmados, arrebatados

As pequenas marcas das tuas pegadas

Ideias que se completam, intemporais,

Uma inspiração capciosa que bule

Até com a serpente em estado de letargia.

Não quero deixar-me guiar pelo engano

Que só amolece os cristais

Sigo o instinto, a gratidão, a rebeldia

A largueza, a frontalidade, a revelação

Da página em branco que acaba por me conceder a paz

Mas, ao mesmo tempo, desespera-me e exaspera-me

Porque escrevo

Escrevo

Mas não consigo dizer-te o que te quero dizer

Nesse branco polar que é o ecrã do meu computador

Despido dos vorazes e voadores pássaros;  

Falsidade imerecida

Que me concede a inusitada constelação da realidade

A perfídia que me entedia

Encolhe-me, enruga-me, desespera-me, imola-me

Não me concede paz nem vontade de guerrear

Mas escrever, escrever, escrever

Se for feito de paixão e empolgamento

Pode cegar-nos

Distanciando-nos tanto da realidade

Que acabamos por sucumbir a ela…

 

 

 

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