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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

TEMPO, OUTRA VEZ, DE RECOLHIMENTO

Sem tempo

Malgré tout

Faço por deslizar  

Na suave brandura

Da curvatura misteriosa

Que sustenta o braço

Em que me apoio

E que me permite tocar

No que os meus olhos vêm, querem e desejam

 

Deixo abaular o antebraço

Agito os dedos até ao infinito

Sem vontade de iniciar uma nova peleja

 

Acabo pegando na Divina Comédia

Folheio-a

Admiro-lhe as incontáveis alegorias

Que ali coexistem   

No original manuscrito

No dialeto toscano

Musical e elegante:

 - La lingua più bella del mondo!

Como se fosse a minha própria vida

 

Que Dante estaria vendo na época em que a escreveu?

Terá pensado em descrever todas as alegorias

Que a vida humana pode conter?

 

Deixou-se, simplesmente, conduzir  

Por Virgílio

No percurso entre o Inferno e o purgatório

Por Beatriz

Na rota das têmporas do paraíso terrestre

Por São Bernardo

Que o guiou nas esferas do céu   

 

Beatriz foi a musa

No Paraíso da Terra

Pudesse ele erguê-la 

E ficaria, não a Divina Comédia,

Mas a Divina Beatriz

E quem não tem  

Na vida uma Beatriz

Não escreve daquela maneira  

Tão sólida, inspirada e universal

 

Dante perseguiu-a

Mas ela distante até ao fim

E a insatisfação

Minou-lhe o desejo     

Que passou a demencial  

Quimera impossível de alcançar

Que faz do Homem

Predador dos Desejos

Beato dos sonhos

Senhor dos laivos alegóricos

Que nunca se submete

Aos tontos que anunciam que o paraíso é aqui

E não nos compêndios teológicos

E muito menos nas comendas dos livros

Que dizem uma cousa

E querem dizer outra

 

Mas,

Deste livro imenso

Discorro para a realidade

E deixo verter um desejo

Suplicando:  

Cesse tão nefasta solidão

Em que estamos vivendo  

A que este vírus indomável

Acabou por nos conduzir! 

 

Mas a mim

Que combato a solidão

Com as tuas palavras em código

Que, com as minhas,

Se tornam num diálogo

Intrincado e difícil de entender  

Como se fosse um dialeto que só nós compreendemos

 

E Deixa-me dizer-te então

Isto que, decerto, todos entenderão

Solidão atroz

Seria deixar de ouvir as tuas belas palavras

Tenho bem a perceção do que elas significam para ti

E imenasmente sei do que elas significam para mim!

 

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