MURMÚRIO
A solidão em que vives
Cala bem fundo no meu coração
Basta-me, comove-me!
Devo-te a imensa delicadeza:
Deslizar os teus dedos pelo meu corpo,
Ainda maiores
Pelas unhas de gel que envergas
Excitas a minha pele, destapas os meus poros
Cobrindo-me de carícias
Deleitando-me,
Por esse amor tão forte
Tão presente e tão obsessivo
Que no silêncio se enche de súplicas;
Como eu gosto de me roçar neste esbelto coqueiro:
Espaduado, elegante e brioso;
Acabo sempre por trepar pelo longo e enrugado tronco
É a árvore que se agita levemente
Despoja-se
Oferece-me a sua bela casca
E quando finalmente a envolvo num imenso beijo
Acabo por olvidar a malignidade que há no mundo!