A NOITE
A mão eterniza os sentidos
Fá-los vibrar
E musica-os
Ao som de um doce compasso
Que se cadencia
Na correnteza de uma batida do coração
Páginas de velhos livros
Que cheiram a mofo
Que não enganam
Instruem o ávido querer saber
Dois melros digladiam-se
Ou não
Afinal parecem dois amantes
Que se roçam infinitamente
Mas tu, amanhã,
Já lá não estarás
Tateias ao de leve a relva
Como que levitando
E não sei o que farás a tanto desejo?
E despejas
Como tantos que nos ouvem
Nessa indomada folha em branco
Esses fantasmas da tua alma
E eu
Só, tão só
Que acabo emaranhado
Nos novelos fibrosos das penas de um corvo
Acabo a noite à luz do candeeiro
Mas, inspiro-me em Borges,
Imagino-te
Luzidia
Transcendente
Indomada
No silêncio da noite
Caminhante
Sonâmbula alma
Maior que o universo!
Férias para mim são ótimas leituras, que podem ser inquietantes, sérias, reais, profundas, como sonhadoras, ah...a poesia, essa está sempre presente, mas também divertidas, por exemplo, lendo as proezas do Comissário Montalbano, criado pelo escritor siciliano Andrea Camilleri; mas também se vai escrevendo algumas coisas que se guardam, mas esta resolvi publicar, rompendo com o silêncio que impera nesta pavilhão; e olhem que não sou de abdicar dos meus princípios e das minhas promessas!
Boas férias ou bom trabalho, dependendo da hora, do dia e do lugar em que me escutam, como antigamente anunciava aquele spot publicatário a nossa rádio pública!
Etan Cohen