LA ISLA
Às vezes
Ainda me alevanto,
E
Murmuro:
- A isla parece ainda lá estar…
Acabo, por fim,
A cogitar
Não a vejo
Não a distingo
Será para me enganar?
Para me iludir?
Para me fortalecer?
Isla,
Que levita
Em crescendo
Pelos ténues augúrios
Existenciais
Massa de pão
Sombria
A levedar
Caminhando até aos braços
De Posídon
Isla
Fustigada
Pelos gritos dos ilhéus
Que bramam
Em desespero
Por socorro
Devoro
Na calada da noite
As tuas belas palavras escritas
Outrora
Gravadas na cinza do vulcão
Acumuladas no chão duro e seco da isla
Que acabam se dissipando
Por entre o vento forte
Que sopra da cidade
Mas,
Por tão belas serem as tuas palavras,
Ficarão eternamente gravadas
Na minha memória
Por um momento,
Olvidas-te da tua condição
De ilhoa
Onde antes te abominavas
Entediada
Descendo os cumes
Pedalando as leves encostas
Até ao mar
És agora
Marca silenciosa
Parede indecorosa
Estrada agreste
Incandescente
De pura lava
Alaranjada
Maldita
Destruidora
Pareces
Obra satânica!
Mas a isla
Também se esconde
Nos recônditos jardins da cidade
À espera
À espera
Que a borboleta passe
Com novas da acalmia
Pero,
La mariposa
Ni rastro
Tarda em llegar,
Los Godos
Passam por nosotros
Sin nos miraren…
E as águas do mar
Perversas
Titânicas
Ensurdecedoras
De odor forte a enxofre
Tingem-se de negro
Enlutadas;
Avisto
No fio do horizonte
As marcas do teu marear
Declamando palavras
A rogar
Que te deixe regressar
Ao morro
Palavras tuas
Que me tranquilizam
Murmúrios sincopados
Eólicos
Que ajudam a
Suster a lava do meu vulcão
Que, submerso, se esconde dentro de mim
Sustendo
Sabor tão amargo
Como é a solidão
Nessa isla perdida
No meio do oceano!