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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

O POETA

 

Poema .jpg

 

 

Viagem intergaláctica

Velocidade estonteante

Possuído  

Por irrefreada adrenalina… 

Concretiza  

O fio condutor

Concebe os trilhos

Que o levarão 

Até à raiz do pensamento!

Logo se exterioriza

Escapulia-se

Percorre a fina cama de gelo

E penetra nos sentimentos

Acaba parindo o poema!

Esboço  

Palmilhado

Na alvura de uma folha

Que foi crescendo,

Rendilhada,

Por finos flocos de neve,

Entorpecido

Pelo esgar saudoso,

Vivo e entusiástico

Recortado na memória,  

E quando o edifício

Projetado

E tão desejado

Surge no horizonte

Carregado de Palavras,

Tijolos suspensos

Que se foram unindo

Aprumados nas ideias,

Pontos cintilantes no céu escuro como breu

Argamassa  

Da edificação da casa…   

Orgulho momentâneo

Fruído       

E eis

O orgasmo!

Contempla

A flácida folha  

Impressa de garatujas

Que deram corpo

À estética contida na palavra

Que surge irrequieta e travessa

Na alvura do ecrã do computador

Outrossim

Um novo orgasmo

Que sela a intimidade com a palavra!

 

Cavalo selvagem  

Suado

Fumegante   

Encorpado

Possesso

Colérico

Vigoroso

Veemente

Livre, 

Trotador veloz

Do solo da pradaria

Respira arquejante

Até alcançar  

A liberdade;

O poeta

É um inclemente solitário:   

Que prefere morrer

A ser montado!

  

  

 

 

RIO

Rio.jpg

Açudes

Que aproximam

Ou separam

Margens,

Levadas

Vagares instantâneos,

Rápidos

Que desembocam na cascata

Logo ali;

E outra vez

Açudes

Levadas

Cascatas

Interminavelmente…

Desfile

Guarda de honra:

Amieiros

Freixieiros

Que empunham as escopetas

Lameiros

Irónicos

Que não se deixam dormir

Ao lado das águas do

Rio selvagem!

Trutas

Salmões

Lúcios

Achigãs

Nadam nas sombras das águas do rio    

Guarda-rios

Brilhantemente coloridos

Que esvoaçam sem destino

Sob as águas do rio

Alfaiates

Que deslizam silenciosos

Nas águas dos açudes e levadas

Rio

O Velho Chico mineiro

Que acaba nordestino

Mississípi

Tantas léguas percorre para chegar à Luisiana  

Rio que fundeia no Mar

Já cansado

Acaba engolido

Pelas vagas de Neptuno:

Arenques

Sardinhas

Carapaus

Cetáceos

Não conhecem o rio

Só o Mar…

Rio eterno

Infindável

Que nunca se olvida

Daquelas primeiras passeatas

Serpenteando a montanha

Rio

Que protege

Cardumes de peixes

Que inspira bandos de aves

Cantando belas melopeias  

Mas rio

Que alimenta a saudade dos Homens

Rio

Quero-te rio

Sempre!

Rio da minha infância

Roçando,

Na companhia paterna,

A casa

Que tinha gravada a frase

Que não me saí da cabeça:

Aqui passei

Os anos mais felizes

Da minha vida

Camilo Castelo Branco

In Vilarinho da Samardã  

 

2022

gettyimages-1037040250-2048x2048.jpg

 

Brumas

Leves  

Suaves

Suadas

Sincopadas

Perpassam pela tua face

Tocando a tua flácida cútis

Outrora tão jovial  

 

Amplitude

Que se anuncia  

Tenaz e auspiciosa

Toma conta  

De alma

Assaz fantasiosa 

 

Cede o passo

E deixa-te penetrar  

Até às entranhas

Pela Nova Era

Que se  anuncia

 

Ouço-te

Nesse teu indelével arfar

De ouvido colado ao solo

Pressinto

Um doce coração

Que não se cansa de preanunciar 

O caminho radioso

Que,

Como cavalo cavalgando em fina areia,

Rabisca

Sob a tela da vida

 

Sentida voz  

Prenhe de reciprocidade

Timbre de voz

De oprimida…

Que traga nos silêncios

As incessantes dores de alma

Pejada de vozes desalinhadas

Eivada de prantos,

Que são

Luxuriantes e incessantes

Tempestades tropicais,

Que acabam sempre

A dar vida a esse jardim

Que te ilumina o olhar

 

Alcanças o passado

Ajuizado

Na lembrança das praias do sul

Pululado de águas aberrantemente azuis

Mas essas praias

Cristalizaram-se  

Para dar lugar  

A uma tenebrosa

E malévola

Sensação

Que te vai oprimindo,

Como se fosse o eterno retorno:

Pai

Que se escapa

Incessante

Das escamas

Da tua

Tão grandiosa alma!

 

À F…

 

Bom Ano de 2022

A todos

 

 

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