2024
Quando me cruzei contigo
Felicitei-te
E felicitei-me
Não pude deixar de me entusiasmar
Com a alegria estampada no rosto
Porém,
Não pude rebobinar
A esperança
Há muito congelada
Não pude fazer viver
O passado
Mudando de rumo
Ou alterando
O que de bom ou mau
Me fez chegar até aqui
Mas vi-me
No reflexo do espelho
Que não me cansava de me lembrar
O sangue que vi derramado nas ruas das cidades
A loucura mansa
A pérfida vontade do poder
A tonta vaidade
De achar que outros farão melhor
E,
Sem projecto antanho
Sem esboço credível no presente
Sem mobilizar as suas próprias hostes
Dos que pedem agora aflitivamente
A mudança
E que
Vislumbram
Um futuro que se avizinha de um branco glacial,
Pedem, somente, el cambio
Sem cuidar de saber que a mudança
Implica dinamismo
Esforço e vontade
E crença neles próprios
Quando todos parecemos ainda
Servidores da continuidade
Pois
Mudar
Mudar
O quê?
De protagonistas
É mais fácil seguir a mensagem
De quem comanda a embarcação
De quem
Apesar de tudo
Deu ânimo aos cidadãos
Em todos os tormentos padecidos
No mar em solidão
No mar em convulsão
No mar em negação
E não interessa saber
Se no barco se mente tanto
Todos os farão para levar por diante tamanha empreitada
Interessa saber
Quem nos trouxe até aqui
E que exibe
Cada dia que passa
Tão boa forma
E ótimo sentido de humor
E que ainda é aquele que poderá pode decidir as escolhas
A que todos iremos ser chamados…
Mas não tenhamos medo do que aí virá!