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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

Considerando…

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Considerando a cor dos teus olhos

Considerando os teus carnudos lábios

Considerando a tua frondosa cabeleira

Considerando a tua cintura curvilínea

Considerando os teus dentes de um branco leitoso

Considerando os teus dedos finos e alongados

Considerando a volumetria dos teus seios

Considerando os arrepios que me provocas

Quando olho para a tua bunda crioula

Considerando as tuas pestanas salientes e cobertas de rímel

Considerando as tuas unhas

Pintadas em tons carnavalescos

E a excitação que me provocas

Considerando ainda

Que as folhas das árvores

Pouco a pouco

Começam a lançar-se no chão duro e seco

Cansadas de se exibir gaudias nas copas das árvores

Considerando

Os demais considerandos

Internos e externos

Para a boa imagem dos serviços

Considerando o trabalho incansável de todos os profissionais

Que tanto dão para preservar o bom nome dos serviços

E sem deixar de considerar o labor de todos os membros do Executivo

Que nem as férias veraneias se atreveram gozaram

Pois

Estando de férias

Continuaram a estar presentes nos Conselhos de Ministros

Para autorizar a emissão de pagamento

A tudo o que é classe especial, com impacto, sobretudo junto dos cidadãos

Considero

Excluído

Desde já

O eterno candidato a Belém

Tão televisivo como informado junto de fontes

Alcançadas nas ruelas mais íngremes lisboetas  

Que estamos em presença de um Executivo

Tão amado pelos senhores comentadores políticos

E tão injustiçado pela maioria do povo

Que não lhe dá o justo apoio em intenções de voto

E por isso

É urgente

Mudar

Mudar

Mudar

Proibir e perseguir todas as publicações insidiosas

Que se atrevam a denegrir o Executivo

Mas considerando

Todos os demais considerandos

Considero que este assunto vá a tema de discussão 

Na universidade de verão dos jovens valores do partido

Que são o futuro da continuidade deste 

A governar Portugal!

A CIDADE DOS PRODÍGIOS

 

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O pó esmorece a talha

Que o tempo

Ao tempo rouba

Desse livro que se escapuliu

Da nobre missão que o trouxe até mim

Mesclando-se com os seus irmãos

Para abarcar uma nova vida:

Passou à clandestinidade

Como tantos e tantos outros  

Que viveram tempos difíceis  

Em que a liberdade em Portugal

Era apanágio dos que transponham os míticos Pirenéus;  

Tu

E eu

Tínhamos o pleno sentido dos sentimentos

Que brotavam deste livro prodigioso

Mas

Acossado e prisioneiro do tempo

Manteve-se clandestino na tua biblioteca

Onde conservas as preciosidades de outrora

Num tempo em que pensavas mudar o mundo

Com os livros que forjaram a memória

Das narrativas dos jovens de então…

Volvidos estes anos todos

Muitos dos que nos acompanharam nas brincadeiras de criança

Foram-se para outras paragens

Outros

Simplesmente,

Guardamos deles uma grata e suave memória

Da sua passagem por esta vida

Mas, todos eles acabaram por nos dar a humanidade

Que tanta falta faz às gerações que nos precederam

Pois, tornou-nos inconfundivelmente humanos e densos!

Guarda, pois, velho Amigo

Essas palavras

Guarnecidas num papel simples

Impressas numa velha máquina de escrever  

Que, com o peso da idade,

Amareleceu-o

Mas tornou-o maciço;  

Dá-lhe descanso eterno

Nessa folha logo a seguir à capa

E faz dessas minhas palavras um raro momento de uma vida

Que dê a dimensão do significado

Que representa

O Prodígio da Palavra!

 

A PRAIA JÁ TÃO DISTANTE

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Perdido na aventura burlesca

A tentar recriar o passado 

Entrei

Assimilando  

O que de tão especial tem o mês de agosto…

Vagas de paixão discorreram

Para me trazerem tão distantes anos das minhas memórias

Dos tempos em que na praia parecia que não soprava vento

O sol assemelhava-se a um farol de luz inflamada permanente

E quando se estava para esconder

Refletia tarjas raiadas de vermelho

Que era a hora de se deitar no leito do oceano

Deixando-se envolver pelas águas escuras

Que para nós pareciam sempre quentes

Dada a quantidade de povo que se banhava no mar

Carregado de odor iodado

Com aquele sabor inconfundível a peixe

Estimulado por idas e vindas

Dos pescadores

Que realizam todas as artes a pulso

E que eram auxiliados pelas gentileza dos veraneantes  

Quando era a hora de retirar as intrincadas redes

Que pareciam nunca mais acabar 

O mar ia e vinha

Exultante de força com as ondas enormes

Rodeadas pelos banheiros de mão dada com os meninos

A desafiar a sua imperturbável autoridade

E onde os amantes escreviam

Juras de amor eternas na areia húmida

E os petizes felizes

Atrás dos Rajá

Guardados no frio das arcas dos banheiros

Que alugavam as barracas aos pais

Que alinhavam as pequenas cadeiras de madeira

Junto às construções em pano

Insufladas pelo vento furioso

De matos coloridos às riscas

Ora verdes

Ora azuis

Ora vermelhas

Mais raras as amarelas

Que casavam com o branco

Construindo aquele visual listado

Que se misturava com as barracas e os guardas sóis dos particulares

Onde debaixo daqueles toldos

Eram forrados os laudos almoços

Guardados nos tachos revestidos pelos velhos jornais da época

E onde

Agosto que me lembre

Tinha todos na expetativa a ouvir o relato da Volta à Portugal!

E

Passados estes anos todos

Aquela praia antiga esfumou-se num ápice

Os heroicos personagens que conservo na minha memória

Que não paravam um instante

Porque não iam para ali banhar-se ao sol

Que saltitavam pelo meio das ondas gigantes

Que corriam atrás de uma bola

E que eram repreendidos

Ora pelo Cabo do Mar

Ora pelos banhistas deitados ao sol   

Molhados ou suados

Sempre com a preocupação

De se deixar envolver pelo odor inconfundível a iodo;

E a água do mar

Era vista como uma cura para todos os males

E onde até se observavam

Homens e mulheres vestidos de preto

Deitados no areal  

Que se preparavam

Carregados de galhardia

Para se abeirar da linha da costa

Molhando os seus pezinhos calejados e endurecidos

E ficavam ali a observar os mistérios do mar

Ao lado dos corpos espalmados dos banhistas

Revestidos a fatos de banho da época

Onde não faltavam os modelos mais arrojados femininos!

Um dia parece que tudo aquilo se esfumou

E a praia serve sobretudo

Para as pessoas se deitarem na areia

Na posição correta para colher os raios de sol

E tisnar os corpos

Daquele ar “saudável”

Que é o bronze

E onde já não se almoça

Para puder disfrutar dos excessos de umas bolas de Berlim

Já não se lancha

Para poder repimpar umas cervejas

Carregadas de amendoins

Tremoços

Ou mais rusticamente

Uns pipis

Umas francesinhas

Ou os tão amados e odiados caracóis!

Mas a praia segue

Esse mês de agosto s

Já sem se contemplar a ela própria

Perdeu o norte

O espírito crítico

Já nem fala dela própria

Espera que os outros digam dela maravilhas

E há-de vir o setembro

Pra relembrar que o natal está à porta…

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