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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

O SENHOR DOS FALSETES

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Das palavras

Tão gastas e espezinhadas

Pelo chão que pisa

Pela voz intransigente

Ainda que meia deslavada

Que engrossa para caluniar  

Quem dele pense de modo diferente

Teremos

Outra vez

Um quadriênio

Pululado de asteriscos

Que vivem para servir

Tão vil senhor!

Pareço contido

Mas esvaio-me em pensamentos

E não encontro a razão

Porque a humanidade

Está tão desumana;

Que nos resta

Pois

Se não

Olhar para trás

E ver que

Pelo menos

O senhor não tem vaipes de serial killer

Não usa aquele famoso bigode

Afunilado de broxa

E já cã não está a Leni Riefenstah

Que propagandeava os feitos

E as paradas militares dos nazis!

Por isso se diz frequentemente

Que a História sempre se repete

Ainda que com outra roupagem.  

 

 

 

ETERNIDADE

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E quando o sonho  

Surge ondulante   

Perto da pureza

Que

Roça a imensidão do céu azul   

Aí sentiremos a imortalidade… 

Das estrelas viemos

A elas regressaremos

Para suspirar  

Então   

Na infinita leveza  

No meio de todos nós

Ungindo a vida

Para fazer dela

Muito mais do que um instante!

 

A CAIXA

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Resplandece

Encerrado no interior

Na arca que me deixaste

Lançando-me  

No encalce desse mistério

Que se adensa como nevoeiro  

E que mais não é do que amor eterno

Que nem o frio glaciar

Nem o calor mais tórrido

Conseguem abominar

Lá dentro

Deixaste a essência da tua paixão

Que foste apreendendo a verberar

O que de ti

Saí  

Em catadupa  

Como a água nas correntezas

Saltitantes de um rio

Verdadeiramente aflitivo

Nessa espuma regeneradora

Que o vai purificar

Afirmaste-te

Nessa caixa

Que deixaste

À minha porta

E logo percebi

Que dela emanavam os teus carateres

Desenhados a caneta

Onde costumas erguer e dar corpo

A certas palavras

Que acabam ganhando um fulgor e uma dimensão gigantesca

Cedi ao meu desejo  

De a abrir

Mas isso

Não bastou para fazer crescer em mim

A imensa curiosidade  

Que está para além de a esventrar

Prefiro

Aguardar

Por fim

Pela surpresa

Lançando um olhar

Até ao teu coração catita

Que bate tão forte

Que se alimenta de ternura:

Em tudo

Tu  

Transformas as mais singelas vivências

Em abalos sísmicos de emoções

Um dia de cada vez

Hoje uma caixa

Amanhã

Quem sabe

O teu reino

Que não é desta vida!

FORMIGA

 

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Que não dorme

Que se ergue

Das profundezas do chão

Regressada

Das pequenas frestas

Lançando o manto tisnado

Do reino dos silêncios

Lá onde

A Rainha

Essa sim

Dorme

Entre a lentidão

E a obesidade

Entre a vida e a morte

Mas que vai até à eternidade;  

Formiga

Laboriosa

Cabeça móvel e atenta

Nas extremidades

Antenas eriçadas em alerta

Patitas levitando no solo

Como os irrequietos alfaiates na água doce

Sempre à procura

Sempre à procura

De uma iguaria

Para levar para o formigueiro

E a cigarra?

Aspira a ser formiga

Quer ser laboriosa

Enérgica

Preocupada

Mas se

Assim devera ser

Assim devera ser

Deixavas as noites quentes

Como breu

Nas planícies cálidas do Sul

Onde o sol inclemente

Não tem rival  

Apenas

Aqui e ali

Umas tímidas sombras

À coroação das aflitivas rãs

Que coaxariam solitárias pela noite dentro!

 

Discorrendo sobre o poema de Alexandre O'Neill, "Formiga Bossa Nova", cantado pela Amália!

 

 

 

 

 

Considerando…

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Considerando a cor dos teus olhos

Considerando os teus carnudos lábios

Considerando a tua frondosa cabeleira

Considerando a tua cintura curvilínea

Considerando os teus dentes de um branco leitoso

Considerando os teus dedos finos e alongados

Considerando a volumetria dos teus seios

Considerando os arrepios que me provocas

Quando olho para a tua bunda crioula

Considerando as tuas pestanas salientes e cobertas de rímel

Considerando as tuas unhas

Pintadas em tons carnavalescos

E a excitação que me provocas

Considerando ainda

Que as folhas das árvores

Pouco a pouco

Começam a lançar-se no chão duro e seco

Cansadas de se exibir gaudias nas copas das árvores

Considerando

Os demais considerandos

Internos e externos

Para a boa imagem dos serviços

Considerando o trabalho incansável de todos os profissionais

Que tanto dão para preservar o bom nome dos serviços

E sem deixar de considerar o labor de todos os membros do Executivo

Que nem as férias veraneias se atreveram gozaram

Pois

Estando de férias

Continuaram a estar presentes nos Conselhos de Ministros

Para autorizar a emissão de pagamento

A tudo o que é classe especial, com impacto, sobretudo junto dos cidadãos

Considero

Excluído

Desde já

O eterno candidato a Belém

Tão televisivo como informado junto de fontes

Alcançadas nas ruelas mais íngremes lisboetas  

Que estamos em presença de um Executivo

Tão amado pelos senhores comentadores políticos

E tão injustiçado pela maioria do povo

Que não lhe dá o justo apoio em intenções de voto

E por isso

É urgente

Mudar

Mudar

Mudar

Proibir e perseguir todas as publicações insidiosas

Que se atrevam a denegrir o Executivo

Mas considerando

Todos os demais considerandos

Considero que este assunto vá a tema de discussão 

Na universidade de verão dos jovens valores do partido

Que são o futuro da continuidade deste 

A governar Portugal!

A CIDADE DOS PRODÍGIOS

 

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O pó esmorece a talha

Que o tempo

Ao tempo rouba

Desse livro que se escapuliu

Da nobre missão que o trouxe até mim

Mesclando-se com os seus irmãos

Para abarcar uma nova vida:

Passou à clandestinidade

Como tantos e tantos outros  

Que viveram tempos difíceis  

Em que a liberdade em Portugal

Era apanágio dos que transponham os míticos Pirenéus;  

Tu

E eu

Tínhamos o pleno sentido dos sentimentos

Que brotavam deste livro prodigioso

Mas

Acossado e prisioneiro do tempo

Manteve-se clandestino na tua biblioteca

Onde conservas as preciosidades de outrora

Num tempo em que pensavas mudar o mundo

Com os livros que forjaram a memória

Das narrativas dos jovens de então…

Volvidos estes anos todos

Muitos dos que nos acompanharam nas brincadeiras de criança

Foram-se para outras paragens

Outros

Simplesmente,

Guardamos deles uma grata e suave memória

Da sua passagem por esta vida

Mas, todos eles acabaram por nos dar a humanidade

Que tanta falta faz às gerações que nos precederam

Pois, tornou-nos inconfundivelmente humanos e densos!

Guarda, pois, velho Amigo

Essas palavras

Guarnecidas num papel simples

Impressas numa velha máquina de escrever  

Que, com o peso da idade,

Amareleceu-o

Mas tornou-o maciço;  

Dá-lhe descanso eterno

Nessa folha logo a seguir à capa

E faz dessas minhas palavras um raro momento de uma vida

Que dê a dimensão do significado

Que representa

O Prodígio da Palavra!

 

A PRAIA JÁ TÃO DISTANTE

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Perdido na aventura burlesca

A tentar recriar o passado 

Entrei

Assimilando  

O que de tão especial tem o mês de agosto…

Vagas de paixão discorreram

Para me trazerem tão distantes anos das minhas memórias

Dos tempos em que na praia parecia que não soprava vento

O sol assemelhava-se a um farol de luz inflamada permanente

E quando se estava para esconder

Refletia tarjas raiadas de vermelho

Que era a hora de se deitar no leito do oceano

Deixando-se envolver pelas águas escuras

Que para nós pareciam sempre quentes

Dada a quantidade de povo que se banhava no mar

Carregado de odor iodado

Com aquele sabor inconfundível a peixe

Estimulado por idas e vindas

Dos pescadores

Que realizam todas as artes a pulso

E que eram auxiliados pelas gentileza dos veraneantes  

Quando era a hora de retirar as intrincadas redes

Que pareciam nunca mais acabar 

O mar ia e vinha

Exultante de força com as ondas enormes

Rodeadas pelos banheiros de mão dada com os meninos

A desafiar a sua imperturbável autoridade

E onde os amantes escreviam

Juras de amor eternas na areia húmida

E os petizes felizes

Atrás dos Rajá

Guardados no frio das arcas dos banheiros

Que alugavam as barracas aos pais

Que alinhavam as pequenas cadeiras de madeira

Junto às construções em pano

Insufladas pelo vento furioso

De matos coloridos às riscas

Ora verdes

Ora azuis

Ora vermelhas

Mais raras as amarelas

Que casavam com o branco

Construindo aquele visual listado

Que se misturava com as barracas e os guardas sóis dos particulares

Onde debaixo daqueles toldos

Eram forrados os laudos almoços

Guardados nos tachos revestidos pelos velhos jornais da época

E onde

Agosto que me lembre

Tinha todos na expetativa a ouvir o relato da Volta à Portugal!

E

Passados estes anos todos

Aquela praia antiga esfumou-se num ápice

Os heroicos personagens que conservo na minha memória

Que não paravam um instante

Porque não iam para ali banhar-se ao sol

Que saltitavam pelo meio das ondas gigantes

Que corriam atrás de uma bola

E que eram repreendidos

Ora pelo Cabo do Mar

Ora pelos banhistas deitados ao sol   

Molhados ou suados

Sempre com a preocupação

De se deixar envolver pelo odor inconfundível a iodo;

E a água do mar

Era vista como uma cura para todos os males

E onde até se observavam

Homens e mulheres vestidos de preto

Deitados no areal  

Que se preparavam

Carregados de galhardia

Para se abeirar da linha da costa

Molhando os seus pezinhos calejados e endurecidos

E ficavam ali a observar os mistérios do mar

Ao lado dos corpos espalmados dos banhistas

Revestidos a fatos de banho da época

Onde não faltavam os modelos mais arrojados femininos!

Um dia parece que tudo aquilo se esfumou

E a praia serve sobretudo

Para as pessoas se deitarem na areia

Na posição correta para colher os raios de sol

E tisnar os corpos

Daquele ar “saudável”

Que é o bronze

E onde já não se almoça

Para puder disfrutar dos excessos de umas bolas de Berlim

Já não se lancha

Para poder repimpar umas cervejas

Carregadas de amendoins

Tremoços

Ou mais rusticamente

Uns pipis

Umas francesinhas

Ou os tão amados e odiados caracóis!

Mas a praia segue

Esse mês de agosto s

Já sem se contemplar a ela própria

Perdeu o norte

O espírito crítico

Já nem fala dela própria

Espera que os outros digam dela maravilhas

E há-de vir o setembro

Pra relembrar que o natal está à porta…

SEDOSA PAIXÃO

 

Foto grátis rosas vermelhas na janela trouxeram um toque de romance ao quarto generative ai

 

Definitivamente

Rasguei as minhas vestes

Acabei

Pugnando por trazer viva a tua paixão

Que me trouxe o alimento a esta minha alma

Depauperada

Aniquilada

Mas sempre desperta

Pra olhar a luz do sol

Que me foi apresentada   

Desde cedo

Pelo olhar sereno

Materno

Cintilante e colorido

Por ondas de violetas dispostas

Ao sabor do vento 

Oscilando como um pendulo

Que repetitivo se eternizava a embalar

O som de um tique-taque;

As tuas mãos

Ceifam os campos das searas

Varejam as oliveiras

Colhem margaridas no campo

Para

Por pura magia  

Fazer desabrochar um lindo ramo nas tuas pequenas mãos   

Sempre a acenar ao longe na planície

Que é o que me acalma nas tardes límpidas

De um calor tórrido

Que me traspassa os pulmões

E acaba a atingir a maturidade do meu ser

Desde os tempos em que

A casa paterna era um imenso silêncio

Janelas cerradas

Carregado de sombras

Que amenizavam as tardes quentes de verão

E

Desde o âmago dos quartos

Se ouviam os pardais

Sempre atrevidos em busca de uma diversão

Mas

Mesmo situado nos terrenos das minhas memórias

O teu rosto

Enriquecido pelo teu olhar

Traz-me a paixão pela vida

De tantos passos 

Em conjunto

Galgarmos

Sejam

Os simples caminhos

Ou mesmo os mais íngremes trilhos

Pois são estímulos enternecidos

Que me trazem 

Dias arrebatados 

Em que não me canso de esvoaçar!

Um dia de cada vez

Tanta vez me tragam

Todos os meus dias

Para assim

Me trazer o som das tuas palavras

A que já me habituei a ler

Nessa tua escrita

Onde tudo é pura paixão!

ERRANTES

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Na minha cabeça

Mil palavras

A ecoar sistemáticas

Naquele bambolear constante de uma cáfila 

Perdida nos meios das areias do deserto

No meu coração

Perduram as viagens dos tuaregues

Partilhando o seu chá de menta

Com os espíritos que vivem livres nos desertos

Nos meus ouvidos

A freme música

Dedilhada na kora

Acompanhando a voz maviosa de Ablaye Cissoko

Nos meus dedos

Finos e longos

A textura de um corpo

Que se alonga ao tatear

Peregrino e ameno

As borbulhas que se extenuam

De um prazer carnal

Infindável

Que acabará a sorver essa tua pele

Branca e aveludada

Dos meus pés

Saem os queixumes de um peregrino

Que nunca desiste de pregar a sua fé

De falar consigo próprio

De abanar os alicerces  

Dos que têm tantas certezas

Não vejo a alma dos que não a têm

Não ouço a voz dos que não a têm

Não ouço o clamor dos que não o têm

E há tanta gente que não tem

Rigorosamente nada

Empurrados pelo sonho de uma vida melhor

Ardendo nos nossos campos

Enjaulados no mísero espaço onde dormem

Injuriados

Na vã calúnia

Dos que medram pela sua existência!

 

 

AINDA HÁ ESPERANÇA

 

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Chamo por ti

Tantas e tantas vezes

No meio deste silêncio em que me deixastes

Em que até o sopro monumental

Do canto dos belíssimos rouxinóis

Me é indiferente

Porque secaste as minhas entranhas

E já não consigo sequer chorar

Apenas clamo

Pela paz imensa e senhorial

Com que sempre te posicionaste

Em todos os cantos por onde andaste

Na imensidão das sombras

Que transportas dentro de ti

E que jamais te deixarão…

Vislumbro esse teu olhar embevecido

No brilho dos teus olhos

Que se tornavam suaves levadas das águas de um rio

Puras e cristalinas

Sempre que erguias os feitos

Que

Cada um à sua maneira

Foram as jovens promessas de casa construindo ao longo das suas vidas

Não sei se me ouves

Se algum dia me ouvirás

Desde aquela manhã em que te comunicaram

Que todos os sonhos dos pais

E do próprio

Se despedaçaram numa ignóbil manobra

Sem sentido

E que roubou a tua alegria

Destruiu as amarras da esperança

Mas

A esperança existe

Sempre haverá de existir

Dentro de ti ou fora de ti

Porque todos estamos a suplicar por ti

E por ele

Esse rapaz cheio de força

Que há de voltar a ser quem sempre foi

Onde reside a bondade

E a bondade foi sempre mais forte

E a sua força celestial sempre vencerá

Tem de vencer

Porque haverá sempre uma luz misteriosa

Que empurra as andorinhas a voar

Todos os anos

Do sul para norte

E do norte para sul

E é essa força que ele e tu vão encontrar

Para passar o Cabo das Tormentas

E um dia lá estará ele

Com uma bola colada ao pé

Um sorriso nos lábios

A celebrar um golo!

A um Amigo que vive horas de despero, mas, estou certo, encontrará o seu caminho cehio de luz!

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