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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

A poesia acabou

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Vais acabar por enterrar de vez a monarquia

Acabarás por trucidar e sepultar a república

Como? 

Instigando o medo

Banalizando as represálias

Instituindo as sevícias

Alimentando um arrogado sinal de tonsura

Como a de um santo homem

Para levares por diante esse teu desejo egocêntrico  

Para que os poetas

Essas estranhas criaturas

Como pirilampos

Sejam banidas da civilização,

Amontoados em contentores

arrumados em mega cargueiros

Porque, afinal,

Nessa tua visão míope

Como vislumbras tantos poetas

Que até aqueles que apenas que expressam o seu amor 

Aportarão, forçados, até à ilha dos poetas

Porque, como dizes, essa gente só traz desgraça

Aos nobres homens tementes a deus

E quando a viagem por fim terminar

E já na sua nova morada estiverem

Ser-lhe-ão distribuídas tarefas

Muito mais consentâneas com as suas qualidades

Por exemplo,

Observar pássaros

Contar borboletas

Enquanto ambos ainda existirem,

E tu que tanto odeias os artistas:

Os poetas

Os pintores

Os escritores

Vives numa miscelânea de gordura intelectual

Destilando ódio apenas

Planearás  

Do alto da tua vilania  

Nessa voz trémula e convulsiva

Gelatinosa 

Carregada de pontos de exclamação

E pejada de circunstancialismos

Para afirmar:

A poe…sia aca…aca…bou!

Botando no rosto

Esse sorriso encefálico e esfíngico

De ar levemente oriental!

 

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