A POETISA
Que é feito do meu “branco palpitante”?
Asas exiladas num corpo ilhéu
Que só respira enxofre
Pastos intermináveis
Que compõem o segundo mar:
Verde,
Que convive pacificamente com o celestial:
Azul,
Vulcão dos Capelinhos
Que busca os braços
Deslumbrantes
Que abraçam essa cor
Que busca o trem da alma;
Navio na pálpebra
Encalhado no horizonte
Que nunca quiseste conquistar
Foste tudo
No feminino
Até a poesia tinha que seres tu:
Feminina
E tu
Por ofício
Poetisa
E não poeta!
Mas tinhas que ser frágil no amor
Açude na água cristalina
Detida nas ciladas
De um coração de cacos
Que, ora se unem
Na ilusão das suas paixões
Ora, se escaqueiram
Nas tristezas vis das traições
Mas tu
Sempre a criança
A brincar nos jogos infantis!