A truculenta saga de D. Sancho e suas proezas marialvas - 3ª parte -
Escrito em Sesimbra em 1990.
GASTRONOMIA DE LETRAS
Luz agnóstica que emana do mar
A despeito de uma tal empresa
Levada a eito pelo cavalo e burro
Aparelhados nas suas garupas pelo valente cavaleiro e fiel escudeiro;
Das redes das artes da pesca
Que se estendem na imensidão
Das ruas estreitas
Que fazem comunicar entre si
As várias facções que existem na vila de Sesimbra
Pescadores de camisas listadas aos quadrados
Emparedados nas casas simples
De cigarro fumegante na mão
Entricheirados nos dias de inverno
No café, tendo, sempre por perto, Porto ou Moscatel
Para aduçar a vida
Ali, naquela enseada
Protegida pelas montanhas que circundam a vila
Dos ventos fortes do norte
E sustêm o vento, todo o vento, que sopra do mar
Refugiavam-se já os corsários
hábeis pilhadores dos barcos que navegavam por este mar azul cintilante
Hoje, todas estas almas de piratas que por lá ainda levitam
Acabam por fazer esconder as vontades
Ilustram as evocações que nos podem levar à morte
Praia ácida, de gélidas e cristalinas águas
vizinha da vila
Onde se respira um forte odor a peixe
E vem o sal que nos faz olvidar as dificuldades
Da vida desse mar
Onde, no passado, reinou o espadarte
E que hoje é esse negro peixe
Quem ali reina
Que, por ser espada,
Bem se adequa ao traje de Don Sancho;
Mas não esqueçam o gigante choco
Que ali se deixa panar
Nessa mistura de sabores
Entre o frito com o mais fresco
Que o mar nos pode oferecer!
harre burrico...olé cavalo
Sigamos a empreitada!