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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

A truculenta saga de D. Sancho e suas proezas marialvas - 4ª parte - *

004.jpg

* Escrito em Sesimbra em 1990. 

DO OLHAR DE UMA GAIVOTA

Aviso-te ou não da minha chegada a Sesimbra?

 

Mas acabo por suster as reflexões sobre ti

Que me observas do ecrã do computador

Arrebatada pela cor dos meus olhos!

 

Deslizas como uma borboleta

Voando para cima e para baixo sem destino

Olhando unicamente para a flor mais doce

Movendo sempre essas tuas asas

Com que atrais toda a minha atenção

E de coração ao vento   

Anuncias essa dança que só nós sabemos dançar

Tu, no teclado do teu telemóvel,

Movendo esses teus dedos finos e perscrutadores

Que se aventuram a procurar as palavras

Que melhor casam com as minhas

Eu, na página em branco,

Pululada de carateres 

 

 Desde o alto do castelo acabo avistando

Cavalo e burro imobilizados no Forte de Santiago

De cabeça encafuada numa pia de água

 

Mas não vejo D. Sancho e João!

Que estarão fazendo os dois

Na casa que armazena as armas

E dá guarida aos homens que as manejam?

 

E é nesse instante,

Nessa vista de pássaro que o castelo me proporciona

Que olho para a praia

Salpicada de pequenas ondas

Que se desfazem na areia 

E vislumbro um acontecimento extraordinário:

As tuas palavras grafadas na areia

Em letras garrafais

Sulcadas em chão firme e fundo

E é aí que observo

O encadear dessa paixão que há em ti

Expressa nas tuas palavras fortes e sentidas

Desses poemas que se aconchegam junto às ondas do mar

Suaves, silenciosas e meditativas…

Agora, sim, reflito no que os meus sentimentos me acabam dizendo

No espelho frígido que recebe o marcador

Que o irá resplendecer de júbilo

Nas palavras que, ambos, tanto amamos

Ou nas palavras que tanto nos amam a nós dois

Porque eu e tu

E as palavras também

Ficamos aveludados e tristes

 Como os rouxinóis

Quando deixamos de ouvir o lento correr da água do rio

Ou quando deixamos de ouvir o “Kind Of Blue” do Miles Davis

Ou quando escutamos as variações

Em torno de uma qualquer melodia

Do xilofone do Gary Burton!            

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