A TUA SHARIA
Pousaste a tua pequena mão
No meu ressequido peito
Tateaste com teus pezinhos
Até que te acercaste à minha vontade
Ao meu desejo
Ao meu prazer
E transformaste
Os espinhos
Em doces rosas
Odoríficas
Capazes de transformar a imensidão do deserto
Em recônditos oásis
Onde viçosas tâmaras Medjool medram
Para inundar de sabores
A tua boca macia
Desse óleo e açúcar
Como se fosse um sol
Imenso e inaudito
Que se abriu para mim;
Viveste tanto tempo
Uma vida
Enregelada
Nesse viver obediente
De valores decrépitos
Onde medravam
Frutos caducos
Azedos e aziagos
A tua sharia de mulher muçulmana
Que vivia na satisfação dos outros
Calando
Com veemência a sua tristeza!