Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

ABANDONO

 

9d600b7b794d824374653604b1468614.jpg

De vez em quando regresso à praia para refletir…

Há não muito tempo era um lugar festivo  

Corpos estendidos e esticados sob tolhas estampadas

Para se deixar tisnar

Salgados e encorajados a deixar transparecer a sua vacuidade   

Perseguidos por odores incessantes e contraditórios,    

Mas agora quando ali retorno

Sinto o peso de um lugar

Que guarda os olhares fundos de gaivotas

Que se extasiam a observar o apetite voraz do mar fogoso

Intemporal e estrondoso

E que sempre nos olham receosas

Mesmo que o nosso regresso seja voltamos ao local onde fomos felizes!

O vento afasta qualquer veleidade

Para encararmos esse nosso desejo  

Que voltarás um dia a escreveres furiosamente

Uma e outra vez

Continuando a remexer nos armários do sótão

Rodeados do pó

Que se acumulou e entranhou ao longo dos anos  

Libertando as palavras carregadas de desejos angustiantes  

E que acabam por te deixar com a tua consciência em paz

Na mochila que transportas

Onde conservas os teus escritos

Recheados de desejos amistosos

Mas que, para alguns, podem ser puro veneno tóxico

Não me canso de olhar

Uma e outra vez

O rosto com que me habituei a associar-te  

Onde depositastes tantas palavras

Carregadas

De desejos

De ilusões

De esperanças

Mas onde tantas vezes te indignastes

Dos ataques ferozes de figuras incógnitas  

Que se escondem das suas próprias amarguras

Mas, onde, também sentiste palavras de oiro dos que se elevam

Debaixo desse coração amistoso

Para deixar registada a palavra solidariedade

Mas agora que perpasso

Pelos blogues abandonados

Que parecem as praias atingidas pelos sucessivos temporais

Vou passando suave e delicadamente

A evocar o rosto que de ti guardo dentro de mim

Revejo as tuas doces palavras de encantamento

Deixo-me extasiar pelos teus nobres sentimentos

E mesmo perdido nessa areia amolecida e perigosa  

Pelas constantes vagas invasivas do mar

Não me deixo enganar

És tu que ali sempre procuro rever  

Em coro

A acompanhar a ode do vento   

Onde tantas vezes te superaste

Mas que agora hibernaste para passar para o infinito intemporal,

Não deixes apagar nunca

Todas as praias onde foste tão indelevelmente feliz

Esses lugares sagrados que, em ti, não habitam no sótão

Mas convivem amistosos com as palpitações do teu coração!  

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub