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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

AINDA FRANCAS MEMÓRIAS

Nostalgia que me invade

Ficção ou narrativa

Que contextualiza

O génio ou o louco

Que comigo coabita?

 

Pululo de sonhos e desejos

Que acabam por apagar

Alguns dos momentos tristes que já vivi…

 

Condenso

Ainda mais o olvido

Palavra tão bela

Suave

Musical mesmo

Suprema que está de termo  

Tão excessivamente complexo

Agnóstico mesmo

E que quebra a minha relação com deus

Se é que alguma vez a tive:

Esquecimento;

 

Ambas são pura essência da alma

Do que ela quer, do que ela não quer,

Olvidar

É o que não quero eliminar

Dói-me tanto

Mas desafia-me sempre

É ferida aberta que não sara

Esquecer

É mais mecânico

Mais conforme o preceito, o cânone

Da racionalidade

Do mundo cibernético

Está mais para a palavra delete

E quer mesmo apagar da nossa vida!

 

 Esse caminho que eu tantas vezes palmilhei

Rodeado de vegetação

Das borboletas que flutuavam no ar

E que pareciam posar para mim

Dos pássaros que estavam mais ao meu alcance

Que se embrenhavam pelo meio da vegetação

De galho em galho

Cantando bonitas melodias

Do som das pinhas que ia caindo no solo

Mesmo na minha frente

E que eu chutava deliciado para longe   

Nesse passadiço em que o tempo

Mascarado de terra batida

Ia temperando o caminho com ervas odoríficas

 

Mas todo esse espaço ardeu

E, com ele, muitas das memórias esvanecerem-se

Outras conservo-as todavia

Há uma que não me saí da cabeça

Mais do que imagem

O som que ao longe

Soava do chiar mecânico das rodas em madeira

Dos carros de bois

E do olhar submisso, assumidamente humilde,

Dos lavradores que acompanhavam a junta de bois

Que puxava o pesado carro

E que quando se cruzavam comigo

Acompanhados daquele pau de marmeleiro

Fino e pontiagudo

E na extremidade sobrava um ferrete

Um sinal de uma certa rusticidade mais selvagem   

Tiravam o chapéu em sinal de respeito

Faziam aquela vénia subserviente

Para o menino de calções

Que brincava deliciado no meio do mato

E que ia aprendendo, aos poucos, a ser homem!

 

E que dizer das tardes de verão?

Intermináveis, insuperáveis, insubstituíveis

Os rios, esse espelho da natureza,  

Onde tantas vezes pesquei

Exalavam a lodo, a hortelã, a odores anisados   

E a palha

Sempre presente seca e arrebitada

Mais longínqua 

Mas desse tempo sobrevém sempre

Essa figura paterna

Que vive dentro de mim

E que só se extinguirá

Quando a chama

Que trago dentro de mim

Planamente se consumir!

  

 

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