AS PALAVRAS
A Floresta Das Palavras
É a minha casa
O meu porto seguro
O meu destino diário
Mas não me perguntem porquê?
Sei que aí regressarei
Sempre
Mas não em solitário
Acompanha-me a música de tons Jazzísticos
E os fantasmas que puluam, em cada dia, da minha vida...
Previamente, apronto-me
Dou início à longa e difícil caminhada
Calcorreio os primeiros metros
Percorro a primeira centena de passos
Que me levarão a penetrar
No matagal extenso, fechado
Por vezes até perigoso
Porque é sempre uma aventura ali regressar;
As palavras jorram na profusão dos meus dedos
Que tateiam o teclado
Palavras furiosas, apaixonadas, reais
Por vezes sábias
Celestiais
Delirantes
Surgem impressas no ecrã
E ao vê-las
Junto-as umas às outras
Como se estivesse a jogar uma partida de dominó
E logo surgem as frases
Umas cheias de sentido
Enormes, profundas, opressoras ou libertadoras
Outras que acabam por serpentear a própria razão
E até eu
Quando me releio
Me ponho a vasculhar para encontrar um sentido àquilo
E dou por mim, muitas vezes, a questionar-me:
Donde me vem tanta palavra?
Donde me vem tanta ideia?
Donde me vem tanta sede pelas palavras?
Donde me vem tanto apetite pelas frases?
Para logo concluir :
Mas são as palavras que transmitem conceitos
São as palavras que gizam significados
E é, muitas vezes, aquela palavra em concreto
Que acaba por serenar as nossas frustrações
Equilibra e repõe os nossos sentidos no exato lugar
Por isso,
As palavras
Tocam-me bem fundo
No secreto local onde residem os afetos
Como se cada uma delas
Fosse uma pessoa a quem muito quero…
E que melhor sinfonia
Poderá ser interpretada
Do que aquela onde as palavras
Dão, afinal
Grandes lições de vida
Certezas
Cuja única certeza
É não ter certeza nenhuma!