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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

AS TRÊS GRAÇAS *

Essas três mulheres

Alvas

Volumosas

Arredondadas

Nuas

E formosas 

Unidas pelo ténue véu

Que as vai atravessando

E que acaba roçando os desejos

Ou as Graças

Que seus corpos parecem querer experimentar

 

Tocam-se com as mãos

 

A do meio

Parece ser a mais adorada das três

 

Olhá-la  

De costas voltadas para nós

Fica-se com impressão que sua Graça

Está acima das duas que a circundam

 

Ela se exibe

De braço direito estendido

No ombro da mulher

Que está à sua direita

 

De rosto fixo

Parece querer esmiuçar e indagar o braço

Da mulher que está à sua esquerda

 

As duas mulheres dos flancos

Parecem estar ali apenas  

A cobrir a parte frontal

Do corpo da mulher do meio

Que surge com ar soberbo

Olhando, com ligeira inclinação, à esquerda

Concentrada no flácido braço

Dessa sorridente mulher

Que está à sua esquerda

 

Numa frondosa árvore

Pendurado num dos seus ramos

Se aninha um tecido

Que parece pura seda

Que se vai estendendo

Em véu

Pela árvore abaixo

Que acaba envolvendo a mulher do meio

 

Às três mulheres

Rodeiam-nas arcanjos

Que jorram água cristalina de um cântaro

Purificando as três Graças

Que descontraídas

Parecem estar no paraíso

À guarda dos nossos olhos

Que intermedeiam os sentidos

 

Veados que pastoreiam lá atrás

Desassoreados de preocupações

Flores que se exibem

Jubilosas

Nos troncos da árvore

E que se entremeiam

Suaves

Pelos pés das Graças

  

E tudo isto

Acaba por me dar a dimensão

Arrebatada

Do paraíso

 

E até nesse paraíso que alcanço

Das três Graças reunidas

Há lugar para os excessos

Que são a minha imagem do paraíso

 

Mas cada uma das três mulheres

Me afrontam e defrontam-me

Com o meu fermente desejo

De me envolver com cada uma delas

 Cobrindo, de leve, o meu corpo

Com o fino tecido que as envolve! 

 

 

* Pintura de Peter Paul Rubens

 

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