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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

ATÉ À ETERNIDADE

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Tua dádiva

É fogo que se pressente nessa luz estrelar

Que para mim  

Nesta vida

Não se apaga jamais!

Teu regaço

É ternura pura

Capaz de cavalgar por essas planícies tórridas

De solo enxuto

Que alberga

Ora oliveiras

Ora sobreiros

Ora chaparros

Que são o alfa de qualquer glosa que advenha do Alentejo…

Teus olhos principescos

Pequenos e luzidios

Espantam-nos

Interrogam-nos

E acabamos rendidos ao seu fulgor;

O teu rosto sereno

Rende-se ao meu

E o meu ao teu

Até a natureza quando te concebeu

Teve um momento de êxtase

E não conseguiu conter um

- Ó que maravilha!

Percorreste os desfiladeiros mais perigosos desta vida

Ficaste tantas vezes silenciosa

Na solidão que escolheste para viver essa outra vida

Até que foste tocada pelas minhas ténues palavras

Uma singela saudação

- De como vai a minha amiga?

E não resististe

Não era eu ou outro qualquer

Que te levaria a cometer uma loucura

Tu, há muito, rejubilavas por um momento como este

E ninguém percebeu verdadeiramente a tua quinta-essência

Viam em ti uma mulher que se inibia

Pelo “pecado” que saía da boca dos outros

Uma mulher que tinha que se comportar

Dentro dos arreios que a pequena comunidade

Exigia aos seus

E que sistematicamente tanto gosta de oprimir as mulheres promíscuas  

Mas tu

Com esse odor a flores silvestres

Que traz sempre uma brisa

De uma cascata que se acomete nas duras rochas milenares que forram a montanha  

De coração quente e jubiloso

Que rabisca à mão letras garrafais

Que desenha pequenos corações

Acompanhados por flores eretas

Recrudesces quando esses lábios

Encontram os meus

E é aí que sinto que o sol

Mesmo que se esconde todos os dias nesse misterioso ocaso

Voltará sempre a iluminar o meu olhar

Na alvorada que surgirá no dia seguinte.

E todo o teu corpo

Seguirá colado ao meu

E o meu colado ao teu

Até que o sol já não tenha ocaso

Até que o dia já não tenha aurora!   

  

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