ATÉ AMANHÃ CAMARADA!
Vemo-nos amanhã camarada?
Sim ver-nos-emos
Quando as trevas se dissiparem
Quando a luz a todos nos iluminar
Quando o tempo que até aqui vigorou
Deixar de nos apoquentar
Quando a lua já não for um lugar longínquo apenas
Mas um tempo em que tempos se reveem
Numa luz ténue, suave e inspiradora
Que nos traga um amanhã carregado de esperança
Deixemos, pois, de pedalar
Em humildes gingas
De duas rodas silenciosas
Humildemente silenciosas
Cessemos, pois, a fuga
De cidade em cidade
Dos homens maus
Que atacam vilmente pelas denúncias que recebem
Sejamos, pois, cidadãos de pleno direito
No arrastar lento e sincopado
De um grupo de ceifeiros de pés no chão
Da nossa vila alentejana
Terra mui nobre
Solidária e fraterna
Que se diz morena
Rodeada de casas brancas
Decoradas de pequenas listas azuis ou amarelas;
Até amanhã camarada
Que a garganta não se seque
Não se apague
Que a vontade seja feita
Pela vontade do coletivo
Porque esse
Até amanhã camarada
Não é uma despedida
Mas um até já
Que acalenta o futuro que aí vem
Como as cearas
Que todos os anos renovam a esperança
Nas planícies do Alentejo!