BARQUEIRO
De que te adianta lamuriar
Se vieste para viver
Em excesso permanente
Tudo quiseste
Tudo queres
Tudo quererás
E o que não te destrói
Faz-te mais forte!
Olhas-te ao espelho
E que miras?
Uma indestrutível força
Que não vacila
Uma onda de paixão
Que não se atormenta com o irrisório
E há tantos e infindáveis sentimentos nobres dentro de ti
Que chega a parecer imodéstia
Essa tua simplicidade
Sem ardis e sincera
Que não vê limites para ajudar
E que grita
Como um animal enjaulado
Quando não vê a quem possa auxiliar
Quem mergulha
Nesse lago interior
Que refresca as margens
Do teu juvenil entusiasmo
Fica siderado
Com tamanha amplitude!
O que tu vês
Em ti
E nos outros
É pura bondade
Pois em ti não há
Intrigas ou maldades
Olho
E vejo-te já a partir dessa barcola
Onde te avistei pela primeira vez
Onde mareavas
Com perícia
A embarcação
Que não se suavizava
Nem se acalentava
Ao mero sabor das ondas
No fundo
Moldaste-te a tudo e a todos
E quando parecias já esquecida
Eis que
Vejo minúsculas barcolas
A acenar
Saudosas
Para o teu barco
No horizonte
Que mais uma vez
E
Mais uma
Não perecerás!