CAPTURA
Indecoro
Essas tuas mãos pérfidas
Que insistentemente procuram suspender
Um ténue fio de vida
Tornado um fino e intermitente espaço
Que resplandece o prazer de uma vida
À espera que uma réstia de esperança
Acenda o meu entusiamo
Que me ponha no trilho
Onde as estrelas vivem
A cintilar de prazer
Sem cuidar de preservar
A sua infinidade
Tão eloquente como finita,
Se tiver que desejar
Lanço-me com tudo
Até alcançar o teu coração
Dou
O que de mim existe
Nesse mar imparável
Que não se atreve a suspender as ondas
Que vagueiam sustenidas na areia branca
Carregada de sons
Que tateia os meus pés
E que os envolve
Como se fosse um fino algodão
Que os acalma e preserva
Dos grãos de areia
Que se colam à pele
Para os capturar!