CAVALO
Do teu corpo musculado
A brotar essa força descomunal
Que nos atravessa
Quando contemplamos fixamente
Teu porte
Equídeo,
Saudade imensa
De teu puro trote
A abreviar distâncias
Agitando pradarias
Insuflando ar fresco
Nas gotas de uma lembrança
Que nos vai atormentando
Da vida sonhada
Que nos agita essa vida ansiada
Que corre indelével
Como manchas de pele
Em fios de gotículas de suor
Que agitam as nossas consciências
Por onde se ergue a tua bela cabeça
Onde medra o jardim
Embelezado pela tua bela crina
Essa mancha capilar
Com que adornas
Altivo e vadio
O teu lado selvagem
Sempre a lutar
Para não morrer na sonolência
Subjugado
Olhando as mais pequenas querelas
Que a teus olhos se passam
O mar que nunca engole o rio amistoso
A terra absorva a mancha de ar
Que nos transportará até esse tempo
Em que o velho cavalo amistoso
Se passeava pelas ruas íngremes
Carregando os cântaros de leite
Em cada um dos teus quadris
E todos os dias era um vislumbre
Para a janela dos nossos sonhos
Pululada pela casa da nossa infância!