CONTEMPLANDO A VILA
Que dizer
Desses tempos memoráveis
Bem lá atrás
Em que nós
Jovens
Esbeltos
E carregados de sonhos
Nos assombrávamos
Em avistar o mar
Esse sonho longínquo e tão português
Nas suas inúmeras
Formas
Matizes
Desse miradouro
Universal e altivo
Da falésia onde se formou
E aí
Não nos cansávamos de contemplar a pitoresca vila
Que de um lado
Se ungia com a Justiça dos homens
E do outro
Negociava toda a espécie de pescado
Que permanentemente para ali acorria
Para ser anunciado
Naquele linguajar único
Que só quem ali vai todos os dias
Está habilitado a saber o que dizem!
E do mar
Carregado de linhas
Rotas mais ou menos perdidas
Por onde desde tempos mais ditosos
Os navegadores marearam:
Nós ou milhas náuticas
Saboreando os penhascos adjacentes
Que suportam a costa
Ou simplesmente contemplar
O azul deste mar
Suspenso
Da espuma branca
Que lhe outorga a respeitabilidade
Do senhor idoso
Nas terras por onde Camões tanto suspirou pela sua amada pátria!
Todos os dias
Acorrem aos meus pensamentos
As vozes dos “Pexitos”
Marotos e ternos
De redes a consertar nas ruas da vila
Rodeados do odor perfumado a peixe
Dessa vila que conservo na minha memória
E que voltas e reviravoltas que dê na minha vida
Lá está guardada no baú das minhas ternas recordações!