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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

DESEJOS

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Breve chegada

De uma ausência prolongada

De lá, de onde pontinhos 

Cintilam como estrelas no céu

Acabam transformados numa singela evocação…

Mas tocante foi sentir a esperança

De te ver ao meu lado

A percorrer a tão almejada paz!

Mãos tateiam tenuemente a crueza das palavras

Que vão surgindo no ecrã

Em crescendo

Escolhidas  

Buriladas

Por fim acabam por ser aceites

Pois, suaves, sensibilizam;

E como nunca me dou vencido

Enveredo pelo caminho onde sempre sigo o seu encalço   

Na concavidade do terreno

Enterrando os pés

Na extensa folhagem castanha

Que cobre o solo

Onde maçãs podres

Convivem pacificamente

Com aqueloutras tão viçosas

Onde marmelos de casca dura

Como terra seca

Enrugados e presos aos ramos secos das árvores  

Desesperam para ser colhidos  

Onde diospiros cada vez mais escarlates  

Rasgados pelos hábeis bicos dos melros

Se aprontam a ativar os meus desejos

Onde ouriços, com castanhas, ainda verdes, vão-se amontoando no chão;

Tudo constituí o olhar de uma certa nostalgia do tempo compartimentado e rígido

Das quatros estações 

De repente, uma chuva inclemente e furiosa

Invade os campos circundantes

Dando-lhes

Onde antes era desespero: quente e seco

A vida carregada de esperança

E a tão almejada água acaba caindo em grossos pingos

Para dar vida, à vida, que se havia convertido em exasperação

As bátegas intensas, vigorosas,

Como uma monção

De uma sonoridade veemente

Batem nos vidros

E aí vem-me à memória aqueles pequenos anelídeos  

Que, com a chuva, se atrevem a caminhar por entre a terra húmida

E tudo o que meus olhos vêm e admiram

São sinal claro de que o outono chegou por fim!

E na escuridão, agora tão longa,

Em que os dias castos se transformaram em pecaminosos

Aguardo com paciência e sabedoria que os que virão

Sejam mais gratificantes e inspiradores

Deixando que a inspiração te chegue pela frescura matinal

E que as palavras se arrumem e casem facilmente umas com as outras

E saia, por fim, esse poema

Que estilhace essa tua voz

Que tanto se apressa a vituperar

Tão insidiosa, como atroz  

Que não se cansa de perorar

E até de insinuar

Segredos…

Destruam os espaços cintilantes que me rodeiam

Que quão longínqua está a tua compreensão

Do que de mim te atreves a dizer

Mas, antes, cada vez mais perto de um convencimento

Tão errático, como postiço

E é quando pressinto que achas que estás perto da verdade

Que me atrevo a ir até ao cume das montanhas

Para me lançar com as asas pressas ao corpo

Nos filamentos de um vazio

Que me levará à redenção dos pecados cometidos nesta vida

Pois, diabo o sou, diabo o faço

Pelas pregas das Artimanhas tecidas por belzebu!

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