Dia de São Valentim
Assolado pela luz dos teus olhos
Capciosos
E entrelaçados
Nas pétalas encarnadas das tuas vestes
Vejo o pendulo a fazer:
Tic tac...tic tac…tic tac…
Essa tua voz apressada
A correr isoladamente
Durante anos e anos a fio
Até que desaguou numa manhã solarenga
Num dos canais da ria
Que já é tua
Minha já o é
Desde sempre
E foste caminhando a meu lado
Surfando sob as ervas que se agitam e balanceiam
Sem demora
Conduzindo-nos por esses ínvios caminhos
Que tanto se arreganham e lutam contra a força das águas da ria
Descomposta e deslaçada
De cor forte acastanhada
Onde raízes que se soltaram
De velhas plantas que já não se regeneram
Grãos de terra e de areia que se soltam das enxurradas das chuvas fortes
Mareiam sem destino
À espera de um fundo escondido
Calmo e silencioso
E longe dos olhares
Que mais não avistam do que o hoje
E aí sob a vigilância dos guardiões das águas
Possam zelar e proteger este nosso segredo
Seres de boa vontade
Carregados de paixão
E que não se olvidam nunca de celebrar este dia!