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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

ESTILOS MUSICAIS

Sim…

Far-te-ei a vontade

Dar-te-ei música

Mas juntarei à melodia a esperança

Para rejubilares no deslumbramento

De uma imagem do vinil a cirular 

E no seu centro o movimento ondulante

Como se estivesses a contemplar as linhas de uma espiral

 

E uma agulha milimétrica

Que se afunda nos filamentos mais íntimos

Para deixar estasiados os melómanos   

E ouve, ouve

Sonhador inebriado

A suave música de um Nicholas Payton!  

 

Para quem tu escreves?

Para mim?

Para todos nós

Que temos a audácia de te procurar

De te ler

De passear contigo de mão dada

A ouvir poemas

Carregados de palavras densas

Apaixonadas, efusivamente apaixonadas?

 

Escuto a música que emana da tua pauta negra

E vem-me à mente a epopeia dos sentidos

Que soam dentro de ti

Como um diapasão

No infinito suspirar

De uma vida íntegra e completa

À procura de uma luz

Que te ilumine

Nesta como na outra vida

 

A música que ouço dentro de ti

Vem dos antípodas do protocolar 

Assume-se na improvisação jazzística

Que em torno de uma nota musical

Eleva e baixa o ritmo

E sem olvidar esse jeito especial

Que o jazz tem

De dar voz ao improviso individual

Dos músicos que fazem parte

Do quarteto, sexteto ou septeto

Ou simplesmente de uma Big band

Tão popular nos primórdios do século passado

 

E desse caderno de argolas de tamanho médio

Onde escrevinhas o esboço das tuas melodias

Donde saem as notas

Que logo as cobres

Da combinação harmoniosa da melodia com o ritmo

 

Mas dessas linhas solteiras

Que logo se casam com os sentimentos  

 São deixadas certas palavras arrebatadas

Que funcionam como expressões mágicas

Que te ligam a mim

Mas quando é a hora de passares as tuas notas

Para o ecrã do computador

A razão acaba por prevalecer

E logo enriqueces os teus poemas

Com lindas figuras de estilo

Inteligíveis

Entre nós

Dançarinos da mesma melodia

E que escutamos as mesmas notas musicais

 

Nós que afanosamente cuidamos da palavra

E que veneramos os sentimentos

Como se ambos fossem um único deus

Ao estilo das religiões orientais

Um deus que necessita ser cuidado, limpo e alimentado

Diferente do nosso deus

Pois ninguém se lembra de deixar comida ao nosso deus

E muito menos lavá-lo

E até se apregoa

- Deus está no céu, na terra em toda a parte…

Até no infinito da linha do horizonte

E o único a quem se pode venerar fisicamente

É a Cristo pendurado na cruz!   

 

Mas espero-te no meio do disco

No dealbar da sétima composição

Ali no meio da areia

Na esteira de uma certa adolescência

Que parecia já perdida   

Com todo este descomedimento contemporâneo imediato

E que à força da palavra

Ao arrebatar dos sentimentos

Acaba por dar lugar

A um terno e evocativo

Passeio à beira mar.   

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