GELATINA
Pégaso
Sub-reptício
Esvoaça nas noites frias
Na gruta onde
Pendem os meus eremíticos sonhos
Preenchendo esses buracos negros!
Relincha
Esbanja
Cilindra
Prenhe de ventura
Subjuga-me
Repetindo
Incontáveis vezes
Da essência de que sou feito:
Imaterial solidão!
Noite após noite
Ampara esta alma
Que se aborrece
Do tédio das companhias,
E acaba seguindo
O sopro de Éolo
Adornando a vertigem
Derretendo a razão
Tranquilizando-me!
Acordo
Em mais uma manhã
Para seguir mais um dia
Para finalizar com mais uma noite
Inquebrantável;
Solidão que me guia
Como uma estrela
Que não consigo prescindir
Estendo-me na areia
Contemplando
O mar azul turquesa
Leve
De silêncio sepulcral
Que
Treme
Como gelatina
Acabada de confecionar
Mas não se abate.