Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

ILUSÃO

depositphotos_123377658-stock-photo-rainforest-in-

 

Breve passado

Presente que se prolonga

Interminável 

Até à eternidade

Futuro

Que mais não é do que

Este longo tempo contemporâneo

Que não se alimenta 

Do que está para trás,

Mas porque te quedas, então, nas copas das árvores?

A oscilar

Intermitente

Num equilíbrio perfeito

Longínquo ao pulsar da vida

A admirar unicamente o sol

Que irrompe na alvorada

Que resplandece durante o dia

Que se oculta tenaz e lentamente

Quando a noite desce na suavidade

De um dia de cada vez?

A vida passa lá em baixo

Mas tu não esmoreces   

E mesmo as águas do rio

Que corre ávido de pensamento

São para ti uma recordação apenas

De quando eras jovem

E a vida para ti apenas tinha futuro,

Mas mesmo que não vejas

Nesse altivo e recôndito lugar

Onde pareces querer tocar o céu

Divertida no terraço onde avistas o horizonte

O que o presente lá em baixo

Concede aos que contigo convivem

Deixa-te  

Alvitrar  

Submersa no silêncio apenas

Interrompido pelo vento que te belisca a alma 

Que nunca se esquece de sacudir

Essas pernadas mais altas,

Onde a vaidade nunca esmorece,   

Deixa-te

Pois

Quedada na soleira dos dias

A vislumbrar essa leve contemplação

Que tanto te incomoda:

Testemunhar as vilezas da alma

De algumas existências!

Mas tanto te agarras a esse limbo altivo

Que já não vislumbras a terra que te alimenta

A erva

Pasto de tantas espécies

A água

Que irradia alento

Ao pulsar da cidade

Lá em baixo

Que se basta a si própria

E que olha para as árvores

A contemplar unicamente

O grosso tronco que as sustenta

Mas um dia descerás do pedestal

Onde em certos dias revestes as ausências

Do que deixaste para trás

Reverberas o trilho que te acompanhou

E sem mediação

Do Omnipotente

Mas acompanhada pelas tuas preces

Revês-te

No que a vida te concedeu

Amaste o que pudeste amar

E sem que te deixasses equivocar

Pela vã trincheira de uma sedução;

Para ti só existe o transcendente

Deixa-me, ao menos, mostrar

As linhas cavadas nas serras

Onde homens poderosos

Plantaram as mais exultantes castas de uvas

Para que todos os anos o vinho jorre dos lagares

E te dê o encantamento de uma ilusão

Que a vida tanto teima em não te mostrar!

6 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub