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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

LÁ VEM A MORTE

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Deflagram

Como constelações geométricas 

Os sonhos

No silêncio retemperador

Da madrugada;  

Contemplo

Examino

A anos-luz dali

Aquele minúsculo ponto cintilante    

Surges,

Então,   

Como uma sumptuosa mansão

Onde pudeste viver

Mas,  

Abandonaste-a sem mais;

Virei-me do avesso

E enrolei-me

Num dos sonhos

Que me trouxe a indelével vontade

Para erguer a minha ira  

E que acabou por não me deixar serenar

E nele vi

Uma silva crescida

A cercear a minha

Vontade

Brami uma espada

E do sonho se reergueu

Tonitruante

Uma marcha a clamar às armas

E foi onde te vi derrogar a vontade

E, como um livro folheado,

Outro sonho sobreveio:

Uma fogueira

Acendeu-se sozinha

Alimentando-se a si própria

Invadiu o vale

Onde vacas pintalgadas

De manchas pretas e brancas

Retesavam a relva

Arrancavam-na definitivamente

Com violência 

Engolindo-a

E, como as ondas no mar,

Uma e outra vez

Pausadamente

Uma a seguir à outra,

Um sonho

Vem a seguir a outro

E é nesse clamor onírico

Que vejo partir as últimas andorinhas

Nesse derradeiro sonho

Que o é de toda uma vida:

Voando

Na sua companhia 

Na viagem de regresso

Até sul

Onde,

Na primavera,

Iniciam a grande viagem

Até ao norte

Invadindo o céu azul

Com aquele voo circundante

E é com o vento uivante

Girando sobre si próprio

Que avisto o Cabo da Boa Esperança

Então,

Poderei caminhar calmamente contigo

Para mais um sonho

Experimentar rodeado pelos teus braços

E tombado sob o teu negro peito

Relembrando-me

E um sussurro vem até mim:

- Não te esqueças que eu existo!

 

Título de uma canção do grupo brasileiro Bogarins

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