MAJESTADE DO ALENTEJO E DOS ALGARVES
Sigo
Por entre
As bravas
Guturais
E resistentes árvores
Que se amontoam
Na feliz mansidão
Do reino das bolotas
Que se vão soltando dos ramos
Que
Sem o saberem
Sem o quererem
Sem o desejarem
Saboreiam a doce terra
Cheiram o bafo húmido vindo mar azul ao longe
Audível
Nos dias quentes e folgazães
Dos verões que nunca acabam
Amontoados nas cercanias da Serra de Grândola
Guardados pela erva rasteira
Sufragada pelas tímidas ovelhas
Que se deslocam em catadupa
Naquele pisar de solo
Cuidadoso e seletivo
Como só ali se ousa;
No meu passo
Indelével
Silencioso
E sempre mediativo
Estugado na planície
Tão grande
Como um céu carregado de estrelas
Tão absorto
Na luz que nos olha
Como uma aurora boreal
Avisto
Ao longe
A Monarca
Do Alentejo e dos Algarves
Que em certos dias do ano
Se escapule até às amendoeiras em flor
Para recordar a doce e fofa neve
Das terras longínquas do Norte!
Apregoo a doce meninice
Da minha voz
Que se confunde com o narrador
Das minhas notas de vida
Que se misturam
Desde tempos imemoriais
Com a Natureza
Prenhe de acontecimentos
Que estão sempre ao dobrar de uma qualquer esquina
De uma voz que não se perde
Nunca
Do sentido que tem
Ou não tem
Nesta Vida!