Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

MAR

Move-se a água

De uma forma solene

Medonhamente suave

Quando olhamos para a linha do horizonte

Como se estivesse a absorver  

De uma só vez

Todos os nossos pensamentos  

Incessante, o vento,

Ali se confunde com o mar,

Vai-me interpelando permanentemente  

Estrondoso e afogueado

Quase parecendo um jargão

Que se expressa num sopro impercetível;

Não se comovam com as palavras

Não se gastem com as ilusões

Não temam as consequências

Não se fiem nas aparências

Não se amofinem nos dias

Em tudo semelhantes

E que parecem banais…

Deixem que a espuma

Converta a maresia numa bênção

E, naqueles pequenos charcos marinhos,

Vejo-te à mar

Assustado

Apressado 

E a bater em retirada da costa

Sem cuidar dos seus

Nesse microcosmo marinho

Rodeado de pequenas lagoas

Cercadas de pequenas rochas

Que parecem desfiladeiros 

Onde se avistam pequenos peixes

Certos moluscos

Cerceados da liberdade

Mas que, 

Como a maioria dos homens,

Têm pavor das profundezas do mar;

Mas o mar, esse mar

Que tanto nos atraí

Quando se veste com o seu lindo fato azul

Assusta-nos quando se farpela de cores mais acinzentadas

E que não esmorece assim tanto

Quando o sabemos rodear

Quando gostamos verdadeiramente dele

Quando conhecemos todos os seus segredos

É, afinal, o mar que só conhece a ilusão

De um mosaico colorido

Que os nossos olhos

Tanto perscrutam;

E o mar deixou-se levar pelo pescador

Deu-lhe o descanso que ele tanto merecia

Mas não me deixem permanecer só e junto só mar

Temo que voltarei para ele

Para nadar livremente até às profundezas

Para me esconder das vergonhas que passei

De alguns homens;

O mar é esse caldo temperado

Que sustenta e sustenta-se dos seres que nele vivem

O mar não quer voltar à terra

Quer permanecer lá onde está

Encostado à linha do horizonte

2 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub