MENINA E MOÇA
Abraço contido
Contigo
Sempre contigo
Ou do que resta da esperança
Do desejo que resplandece
Nos corpos entrelaçados;
Açude de salmões
Patos a esvoaçar
Corvos meticulosos
Que imitam a tua voz
Num apelo estridente
Que te vem de dentro
Olhares inquietos
Que acabam por te juntar a mim
No silêncio de um instante
Sobre a mão que aceito
Aberta e voraz
Que me conduz nas ruas abertas
Rodeadas de casas entrelaçadas
Que me lembram a força dos nossos sentimentos
Num remanso de velhos jardins
Onde se ouvem rãs
A rejubilar de desejo
Na eira iluminada por um sol
Que ilumina as brumas
E os tremores
Do velho cavalo
Que galopa sem cessar
A relatar todas as histórias
Das vidas das gentes
Que pululam no quarteirão onde moro
E, sem pressa,
Acaricio o teu cabelo
Fixo o meu olhar
Indelével e solitário
No desejo latente
Do teu
Que cintila
Desde que o vi a primeira vez
E deixo-me comover pela tua voz terna
Emancipadora
E acabo beijando-te
Mesmo que por breves instantes
Sem me questionar
Por que o faço?
E com este poema
Sorrirei impulsivamente
Até que os meus lábios
Envolvem os teus
A escutar a voz do vento
Que não se contém
A penetrar num sorriso impulsivo
E aviste
No regaço desse mar
Carregado de corais
O teu olhar
Indomável
Que não me saí da cabeça
E te leve até mim
Possuindo as façanhas
Da menina e moça
Que anda sempre em busca
Do terno rouxinol
Sem que jamais o encontre!