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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

MUNDIVIDÊNCIAS

Por entre crescidas

E pálidas ervas

Que te saúdam,

Quando, 

Numa abafada tarde de verão, 

Sinto os teus passos   

Pisando solo seco de altitude

 

Vagarosa, de pé suave e cuidadoso,

Passas cintilante numa comunidade de pinheiros

Que, orgulhosos, te saúdam

E agitam os seus ramos à tua passagem  

 

 

Olhas em frente

E, no mesmo instante, estugas o passo

Para contemplar o desfiladeiro

Que, a teus pés,

Tanto te cortejou

E, inebriada, exalas o ar quente saído dos pulmões

Que te emociona

 

Porém, a emoção de olhar a paisagem

Passa depressa

Para dar lugar a um certo desespero:

Amofinada, desiludida e cansada  

 

Querias mais, ainda mais,

Desejarias subir mais ainda

Escalar mais um desfiladeiro

Possuir mais um desafio

Mais uma vontade

Que te alimenta a paixão

Que nutres pela vida

 

E nessa imensa mirada que lanças

Nessa correria visual para distinguir as formas

Olvidas-te do felino céu azul

Que procura saudar-te

Mas, ignora-lo olimpicamente,   

Nem sequer te atreves a contemplá-lo

 

A máquina fotográfica

Com que te munistes para a caminhada

Afinal ignoraste-a e nem te serviu para nada

Conservaste-a ao tiracolo

A roçar, voluptuosa, a tua cintura

 

Confias nos teus olhos

Mas crês tanto no teu coração

Que é quem te guia nesta,

Como noutras,

Escaladas da tua vida

 

E só,

Caminhando na imensidão daquela colina

Gizas os passos da tua vida

As tuas paixões

Que se sobrepõem

A essa tua candura

Que busca sempre

Atrair-te e atrair os outros

Paixão de uma vida

Que não te faz sossegar

 

Trazes essa luz pelas cores

Por todas as cores do universo

Pois crês nas pessoas e nos seus projetos

E menos no que as cores te trazem

 

Espero ver-te, sempre, nessa escalada que marca a tua vida

Espero alcançar-te nessa caminhada que não termina jamais

A caminhar, saltando etapas,

A escrever, silenciando o silêncio que há em ti;

Dá-me, então, a mão

Para, juntos,

Escrevermos poemas mundividentes!    

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