NA SENDA DE UM SONHO
Caminho a irradiar
A vontade da esperança
Seguindo sempre a luz que me ilumina
Desde as primeiras horas de vida
Para não fenecer
Debaixo da agonia da indiferença;
Se morrer no meio da correnteza do rio
Fá-lo-ei sempre
A lutar
A lutar
A lutar
Contra o desinteresse
Que destrói vidas
Amargura as gentes
Decepa as árvores
Seca as finas flores
E acaba queimando
As ervas daninhas
O verão
Chega sempre forte e vigoroso
Acaba por dar lugar
À triste sina de uma fragância insipida
Que se agarra às pedras com uma lapa
Vivendo os dias sem chama e apego
E quando o sol começa a brilhar menos cintilante
No dealbar de agosto
Sobrevem esse setembro
Com a promessa de uma vida melhor
Mostrando as primeiras lágrimas a gotejar
Beijando o chão duro e seco
A sobressair o forte odor a terra
Que faz renascer um novo ciclo de vida
E quando o natal já espreita
Com a promessa de um ano melhor
É quando os olhos se abrem
Para respirar debaixo da realidade
Que está sempre a emanar dentro de mim:
O sonho extinguiu-se
Venceu a força da vontade
Para fazer de mim a força da natureza
Que irrompe sempre
Mesmos pelos caminhos mais ingremes
A deslizar por entre as pedras mais duras
Transportando a água cristalina!