NÃO ME SAIS DO PENSAMENTO
Tu és doce
Afável
Maviosa
Musical…
Mareias os meus desejos
Com essa tua flor de lótus
Que trazes tatuada na tua pele
Incendiando a minha floresta
Fazendo soar o meu carrilhão
Que se agita e se desespera
Quando te vê partir
Mesmo que seja por breves instantes
Alcançaste a suprema corte
A morada dos deuses
Que comandam a exaltação
O ímpeto
O furor afetivo
E não me digas que não o sabes
Porque te sinto respirar
Concomitante
Como se fosses um vitorioso cavalo alado
Que, elegante, voa glorioso no firmamento
Ecoando com essa tua voz de seda
A grandeza de uma paixão
Essa criança que cresceu tão depressa
Que ainda não era homem
E já me rodeava avassaladora
Sem me dar descanso
Um dia, que não são dias, ver-te-ei
Abalar
Partir
Ou simplesmente perecer
Nada é imutável
Eterno
Fica, então, uma ténue memória
Que, seletiva, se vai perdendo
Como a bruma que abunda
Entre o mar e a costa
Que esconde o bulício das ondas
Que penetra firme nas femininas dunas
Que revolve os mistérios dos duros penhascos
Que procuram resistir às investidas do monstro
Que obscurece o areal imenso
Ali onde se evoca tão precoce monarca
Que quis ser cantado e enaltecido de forma meteórica e grandiloquente
Mas acabou fustigado na areia de um deserto
Ficou-nos o seu nome que se foi estendendo para uma forma adjectivante
Tu és quem enalteces as minhas grandezas
És quem me provocas interpelando as minhas fraquezas
Acabas sempre por não me sair do pensamento…