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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

NAS ASAS DE UM ANJO

 

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E vós

Senhor

Que me podereis dizer

Sem que eu não saiba já

Dessa vossa assaz amargura?

Plantarei

Mil castanheiros

Senhor

Iguais ao que nos acolheu

Naquele dia de sol tão radioso

Em que vos declarastes

Debaixo de sua imperial sombra

Que nos ajudou a revigorar o amor

Em manhã tão quente como esplendorosa

Fazendo-nos refletir

Sob tão tutelar sabedoria; 

E foi ali  

Senhor

Que vós exibistes 

O coração

Que medra

Nesse vosso peito

E que não me saí da cabeça!

Ainda hoje

Lastimo

A vossa partida para a guerra

E não vos poder

Ter aqui comigo

Mas ó senhor

Meu bem

Que importa viver

Se não vos tenho por perto

Para assinalar

O que diz este louco coração

Que já decidiu:

Se finardes

Nessa guerra

Tão inglória como absurda

Acabarei

Senhor

Por perecer aos poucos  

Aguardando

Apenas

Que o altíssimo

Me leve deste mundo

Tão inglório como injusto;

O vento

Aquele vento suave e delicado

Que me ajudava a conter saudades tuas

Já não me visita

Fustiga as rochas do meu descontentamento

A chuva já não rega a flor

Plantada no meu peito

O sol raiado de vermelho

Parece conter um grito de revolta

E de cada vez que avisto um castanheiro

Um clamor soa no meu interior

Pois já ali não estais

Senhor

Para me ajudar a escolher os ouriços carregados de castanhas

E desespero

Abomino a minha sorte

E já não sei

Se quando vos conheci

Se me alegram mais os dias

Ou se me amargam as horas

Por não vos poder ver?

Partiste

Montado nesse cavalo alado

E passais agora a voar na minha imaginação

E de cada vez que vos tento alcançar

Fugis   

Senhor

Subtil e maliciosamente

Como se estivésseis

À espera

Que eu não pudesses viver mais

E partisse

Para sempre

Nas asas de um anjo!

 

 

 

 

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