O AMOR É ISSO
Cartas de amor
Sim
Gongóricas
Barrocas
Recheadas de palavras
Que soam
Como murmúrios dos penitentes
Como chilreios de aves no final de dias de verão,
Quem
Nunca se tentou escrever sobre o amor?
Do mais frio e gélido
Ao mais afetuoso ser
A vontade sobreveio ao arquétipo
A maresia
Que soçobra pegajosa
Abate-se sob a costa verdejante
Carregada de húmidas figuras
Fantasmas que levitam sob as nuvens
Acaba cercando-nos
E aos poucos
Envolve-nos sob seu real manto!
A água
Caí em bátegas
Inunda a planície seca
Que suspira pelas pequenas flores
Em catadupa
Para albergar todos os perfumes da natureza
Um encanto de paixão
Que se acoita debaixo da velha oliveira
Espera pela chegada da moça
Que
De saia justa
Pernas aglutinadas
Em torno do prazer
Suspira por cada palavra
Do velho manuscrito
Com caligrafia delineada
Em torno de cada frase
Capaz de desejar o infinito
Mas
Entre vales, murmúrios e declives,
Cada vocábulo
Soa como se fosse
Um grito interior
Contra a indiferença
Contra o vulgar e o banal
O amor é isso!