O POETA
Viagem intergaláctica
Velocidade estonteante
Possuído
Por irrefreada adrenalina…
Concretiza
O fio condutor
Concebe os trilhos
Que o levarão
Até à raiz do pensamento!
Logo se exterioriza
Escapulia-se
Percorre a fina cama de gelo
E penetra nos sentimentos
Acaba parindo o poema!
Esboço
Palmilhado
Na alvura de uma folha
Que foi crescendo,
Rendilhada,
Por finos flocos de neve,
Entorpecido
Pelo esgar saudoso,
Vivo e entusiástico
Recortado na memória,
E quando o edifício
Projetado
E tão desejado
Surge no horizonte
Carregado de Palavras,
Tijolos suspensos
Que se foram unindo
Aprumados nas ideias,
Pontos cintilantes no céu escuro como breu
Argamassa
Da edificação da casa…
Orgulho momentâneo
Fruído
E eis
O orgasmo!
Contempla
A flácida folha
Impressa de garatujas
Que deram corpo
À estética contida na palavra
Que surge irrequieta e travessa
Na alvura do ecrã do computador
Outrossim
Um novo orgasmo
Que sela a intimidade com a palavra!
Cavalo selvagem
Suado
Fumegante
Encorpado
Possesso
Colérico
Vigoroso
Veemente
Livre,
Trotador veloz
Do solo da pradaria
Respira arquejante
Até alcançar
A liberdade;
O poeta
É um inclemente solitário:
Que prefere morrer
A ser montado!