O TURTUOSO ESCREVEDOR DE CARTAS
Veleidade
Arcaboiço
De vaidade de si próprio
Arfar com a sua inteligência
Cortante e sulfurosa
Que agride gratuitamente
Quem dela se acerca;
Adora pular
Transgressivo
Nas auroras dos dias quentes
Arreganhado como uma hiena
Emproada
Alimentada
Da fétida podridão
A evocar
O mal que os outros fazem
Oculta
Nas palavras escorregadias
De sílabas que se repetem
A titubear gaguejando,
Vagueia
Sem descanso
De vigília em vigília
Na cruel excitação
De aprisionar uma frágil rês
Acaba atolando-se
Na chafurdice mais imunda!
Nobres animais
Os leões
Atacam de frente
A hiena
Essa busca a presa
Frágil e perdida
Ora, sob as ilhargas
Ora, disputando a carcaça pejada de insetos
Que os velhos leões
Há muito abandonaram!
Vives abominando o canto das cigarras
Enredado no fluxo de uma atroz secura de sentimentos
Tiritando de pensamentos
E sem se cansar
De vaguear
De rua em rua
De casa em casa
Como um saudoso entregador de cartas
Largando
Em envelopes esbranquiçados
Os lamentos
Adjetivando
Com blasfémias
O que apontas
Como a razão para todos os teus males!
E como quererias ser
O nobre e ruidoso Leão
Mas teu desígnio é rir
Escondido
Petrificado
Como uma hiena
Na pradaria selvagem…