Oh My Darling Clementine
E vós
Minha nobre e inspirada senhora
Que fazeis adejando na planície alentejana
Por entre o tapete verde
Cobrindo
Como o musgo as pedras
O solo ensopado das chuvas de inverno?
E,
Debaixo de tímido raio de sol,
Estava tão nobre senhora ereta
Em frente a uma mesa de madeira
Elegante e risonha
A deliciar-se com uma rápida refeição
Trespassada de exóticos sabores naturais
Religiosamente guardada no interior de um recipiente de plástico…
E quando a nobre senhora regressou da viatura
Trazia em cada uma das mãos duas piquenas clementinas
Com o pé da árvore agarrado ao umbigo
E acabou depositando-as
Em frente de cada um dos comensais
Que acabaram refastelados a consumir
Paulatinamente
A graciosa e sumarenta sobremesa;
Por fim,
A minha nobre senhora
Não se contentou com o repasto
E arrolou o trauteio daquela velha música:
“Oh My Darling Clementine”,
Que me deixou lacrimejante
Desse passado longínquo
De quando ouvia a canção
E nem imaginava sequer que um dia
Haveria de conhecer as clementinas
Que nascem nas árvores
E que alegres ficam
Quando se abrem ao mundo
Para doar os seus maravilhosos gomos
A quem as quiser apanhar!