PARA ALÉM DO ENTENDIMENTO
A ruga
Que,
Todas as madrugadas,
Tão bem interpela
A minha memória
Não nasceu da minha vontade
Mais, escapuliu-se por entre os meus sonhos,
Como pó que vagueia sem se deter
Rumo infindável
Por entre a areia do deserto
Que a quer ocultar
Sem resposta e ausente
Ao que me suscita
Um tão tremendo vento
Que sopra de noroeste
Agita as vagas
Encrespa o mar esquecido
Que já não mora na minha cabeça
Como estrelas que cintilam na noite fria
Mas há muito explodidas…
Deixa-me, pois, só
Com a minha coletânea onírica
Onde perdura a ausência
Transparece a nitidez
Mas onde a vida
Se amortece com reminiscências
Que há muito me atormentam
Sem que eu possa
Escancarar a porta da minha alma
Sem que eu me deixe deslumbrar pela doce noite
Que dura apenas uns instantes
E o esquecimento
Perdura
Perdura
Para além do entendimento!