“Para nascer, Portugal; para morrer, o mundo” *
Paciente
Plácido
Mas decididamente
Acabo a olhar para trás
Seguindo as pisadas de uma pequena formiga
Que percorre
Caminhos
Ladeiras
Que ao menor obstáculo se desvia
Ou iça-se
Percorre-o
Até o vencer
E sempre a mitigar ações ou gestos
Mas não se poupando a esforços
A carregar cargas pesadíssimas
Que
Em tamanho
São muito mais do que o seu pobre corpito
E sem que ninguém saiba
Nem como nem porquê
Sorri sempre a todas as vicissitudes
Pra nunca se dar por vencida!
Esta formiga
Que não é de lugar nenhum
Mas de todo o lado
De quem a quiser
Parece dizer-nos sempre
Com aquele semblante carregado de sorriso de criança
Voz fina e maviosa
Que foi ali
Naquele declive
Povoado de árvores colossais
Numa pequena aglomeração
Que faz lembrar a ruralidade perdida
Onde ainda se ouve o cuco cantar
Se observa a senhora poupa
Em busca da lama para construir o seu robusto ninho
O delicioso canto do grilo ainda nos delicia
Que a formiga nasceu
Mas que quando a morte vier
Seja ela
Pois então
Não ali
Mas no mundo!
* Frase do padre António Vieira proferida, ao que se diz, em Roma no século XVII.