PLANÍCIE VENTUROSA
Peço
Encarecidamente
Não faças soar as trombetas
Da desilusão
Da vingança
Da fealdade
De um passado
Embora glorioso
Se desvaneceu como o pó
E que só existia na tua cabeça
Pois não volta jamais,
Aspereza
De noites tórridas
Onde
Nem um simples lençol
Permito
Que roce pelo meu corpo em lavaredas
Atrás dos olhos
Que há muito incendiaram
A íris esverdeada
Dos meus pobres olhos
Que já não vislumbram
Todo o mal que fazes nesta vida,
Há pessoas que envelhecem
Belas, harmoniosas e tolerantes
Que bem compreendem a sua missão no mundo
E mesmo de se retirarem dos holofotes da glória
Mantêm a simplicidade dos sábios profetas
Mas outras há que
Mitómanas da sua própria figura
Celebram diariamente
A sua passagem pelas luzes da ribalta
E que ainda julgam que a humanidade se detém paras as ouvir
Quando são apenas pasto para as ovelhas
Pestanas que escondem a dor que lhes vai na alma
Erva-moira que robustece as bermas dos caminhos
Mas não fazem os próprios caminhos,
Que sejas feliz na tua condição
De penitente
Com esse elmo que te faça feliz!
Agora que chegaste onde podes escutar
Até os teus mais ínfimos murmúrios
Para onde confluem
Os rios para o mar
Onde guardas as tuas enormes fraquezas
Que nunca te abandonaram ao longo da vida
Sê radiante e venturosa
Nessa planície luxuriante
Que sempre esteve dentro e ti!