SIGO PARA CONSTANTINOPLA
Foges
De fininho
Ininterruptamente
Nessa tua busca pagã
E quando te contemplo
Admiro-te a coragem
A ousadia
Porém, sinto que a vida que levas não te anima
Pouco ou nada fazes para te manteres ligado às pessoas
Aparentas tranquilidade
Mas sei que esse teu interior se impacienta
Por entre as brumas
A fugir de ti próprio
Carregando esse fardo
Como se fosses o único que o pode fazer
E sofres na leveza
De uma vida carregada de estultícia
Que escolheste viver;
Simulas amigos imaginários
E recorres àqueles
Que de uma forma ou outra
Tu achas que te identificas
E que poderiam ser teus amigos
Que preencham as lacunas
Das lembranças de ausências sucessivas
Que continuamente te visitam;
Chamas por entre os torpores das noites sem fim
Clamando
Pela ordem das palavras
Pela obsessão em ignorar os que te são indiferentes
Pela limpeza social que proporcione pureza rácica
Pela vaidade em te mostrares a quem não te considera
Para aplacar esses fantasmas que pululam a tua imaginação
E por isso dizem de ti
Que não compreendem o teu caráter
O teu ser
A tua vontade em chocar
Como se isso
Mais não fosse
Do que uma gritante chamada de atenção
Para mostrar ao mundo
Do âmago de que és feito!
Mas vais continuar assim
Nos silêncios das noites
Na contemplação dos amanheceres
Que, finalmente,
São quem te trará o sono retemperador
Que te tranquilizam os espectros
Que não se cansam de te visitar frequentemente.