SINTO A TUA AUSÊNCIA
O amor que te tenho
Não me demove
Não me esmorece…
Pois,
Ele dá-me força e convicção
Concede-me razão de viver!
Embora a minha voz derrape
Nas inclementes emoções
Intimamente confesso-me:
Tu és a luz insubstituível
Que rasga os céus
Iluminando a noite
Inspirando a suprema paixão
Tão presente numa alma
Que tanto quer afirmar
Mas é incapaz de o dizer!
E quando deixei de te ter
Que fiz eu da minha vida?
A minha vida tornou-se um agreste deserto;
Escorres das tuas mãos
O lento suor esgotado
Iças as extremidades das secas searas
Que se anunciam em cada verão
Revolves as folhas esquálidas nos dias cinzentos de outono
Reacendes os caminhos talhados na rocha
Por onde a água que caí das nuvens
No seu passo acelerado
Se entrega a dar alento,
Enquanto escalo a árvore da vida
Roço, ao de leve, na extensa folhagem
Que todos os anos enrubesce
Os doces troncos que alimentam a vida.
Deslizo, em silêncio, pelo gelo
Distendido ao longo da montanha
Abro as minhas mãos
Até ti
Ressoa em mim o teu nome
Grito-o bem alto
E é então que
Esquivo
Começo a lamber as minhas feridas
Sustendo a culpa
Revigorando a complacência
Aceitando o que a vida me dá em cada momento:
Mas sinto tanto a tua ausência!