Ruas que seguem os passos das vozes aceleradas que por ali se cruzam
No emaranhado edificado que dá caráter à cidade
E a correr e de braços abertos
Avisto a Soror Mariana;
De repente,
Deslizo
Viajo até à saída de Beja
E saltitando vou embebecido
Caminhando até à Cuba…
Encho o meu peito de ar
Perscruto uma e outra vez
Desperto a minha alma
Até que se aproxima um coro de homens
Qual legião romana
Embraçados uns nos outros
A fazer soar os místicos acordes
Do belíssimo cante alentejano
Então,
Como uma fada a esvoaçar,
Passa por cima como que a levitar
A Mitó
E saúdo-a:
Auf Wiedersehen Prinzessin!
De Cuba ao Alvito
É um abalo de pensamento
E nos dias de feira
Nesse dia de finados
Sai-se com a alma rejuvenescida
De tanto comprar
De tanto comover
Com a graça e simplicidade das boas gentes;
Por fim,
À Vidiguera…
Perdida na planície
Ao entardecer
Oliveiras que se agitam a saudar os viajantes
Um copo de vinho
Que se resplandece nos dedos das mãos
Que adocica as gargantas para cantar
Menina estás à janela…
Acabo celebrando a calma alentejana
Que só existe
E que só ali sobrevive
E o vento
Aquele vento
Na planície não me saí da memória!
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”