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Artimanhas do Diabo

Artimanhas do Diabo

TU

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Esboço de uma vida

Prenhe de existências  

Sinto que caminhar contigo

Por entre as pedras da calçada

É partilhar o amor no estado puro

Esmiuçar todas as tuas palavras

Que saem desses teus belos lábios  

Que, como desejos escondidos,

Se sentem em cada momento

E que pulsam na torrente de uma vida dedicada a cuidar dos outros

Sorrir

Embelezar as floreiras

Com as lindas flores que não se limitam a existir

Mas que servem para celebrar o amor

Em ti

Não há limites

Não há barreiras

Há, sim, dizeres

Que, por muito que doam,

São como nascentes de água cristalina

Pura, absorvente, inigualável

E de cada vez que te observo

Que sinto a tua presença

Que cheiro a tua presença

Vejo a linda luz da ilusão

Dessa imensidão de um céu estrelado

Que se vê

Que se observa

Mas que é inalcançável

Colho das tuas palavras

A inspiração de um arrebatamento

Como se fosses esse lindo alfobre

Onde as lindas flores

Não se atrevem a existir

Mas se esmeram em cuidar

Dos sentimentos dos outros.

Tu

Que nunca partes

Que nunca estás ausente

És uma formosa flor

És uma estrela cintilante

Nessa constelação de sentimentos

Que vive dentro desse teu lindo coração

Onde não há lugar

Para o ódio

Para a vingança

Apenas amor e compaixão

Assim és tu!

 

SINTO A TUA AUSÊNCIA

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O amor que te tenho

Não me demove

Não me esmorece…

Pois,

Ele dá-me força e convicção

Concede-me razão de viver!

Embora a minha voz derrape

Nas inclementes emoções  

Intimamente confesso-me:   

Tu és a luz insubstituível

Que rasga os céus

Iluminando a noite

Inspirando a suprema paixão

Tão presente numa alma

Que tanto quer afirmar  

Mas é incapaz de o dizer!

E quando deixei de te ter

Que fiz eu da minha vida?

A minha vida tornou-se um agreste deserto; 

Escorres das tuas mãos

O lento suor esgotado

Iças as extremidades das secas searas

Que se anunciam em cada verão

Revolves as folhas esquálidas nos dias cinzentos de outono

Reacendes os caminhos talhados na rocha

Por onde a água que caí das nuvens

No seu passo acelerado

Se entrega a dar alento,

Enquanto escalo a árvore da vida

Roço, ao de leve, na extensa folhagem

Que todos os anos enrubesce

Os doces troncos que alimentam a vida.

Deslizo, em silêncio, pelo gelo

Distendido ao longo da montanha

Abro as minhas mãos

Até ti

Ressoa em mim o teu nome

Grito-o bem alto

E é então que

Esquivo 

Começo a lamber as minhas feridas

Sustendo a culpa

Revigorando a complacência

Aceitando o que a vida me dá em cada momento:

Mas sinto tanto a tua ausência!

BEM-ME-QUER…MALMEQUER!

 

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A luz que me surpreende

Ao eclodir de um novo dia

Com a esperança a derrubar

O  meu inquieto pessimismo

Não é a mesma

Que a que de tarde me enleva o olhar   

A contemplar o horizonte que se ergue à minha frente

Pisando esse chão duro da escarpa onde me sento

A alvitrar o futuro

Que me reserva uma tarde a refletir 

E não é a mesma que,

Titubeante,

Se despede do crepúsculo

Com a promessa de regressar no dia seguinte. 

Uma nuvem se aproxima

Vagarosa e tímida  

E acaba por se interpor

Entre mim e o sol

Num aceno saúdo-a

E ela

Sem que eu me atreva a dizer o que quer que seja  

Acaba por me responder

Naquela voz maviosa

Como se estivesse grávida de um desejo

Como só as divindades sabem articular

Naquela doçura omnisciente

Que agarra

Absoluta e definitivamente

A nossa alma.

Um clarão escuro

Desloca-se a uma velocidade estonteante

Compacto e ruidoso

E eis que

Já perto distingo

Milhões de minúsculos insetos

Que voam inflamados e de pose bélica

No seu interior

A nuvem acaba por penetrar no âmago da minha razão

Sobrepondo-se aos afetos

Que me impregnam um entusiasmo recente

E é com aquele ruído de fundo

e disposto a seguir em frente

Que olhando de soslaio

Para uma borboleta que voa num círculo definido

E com suave magnitude

Que acaba por me extasiar   

E é então que me pergunto:

- Porque é que, em vez dos gafanhotos, não me visita uma nuvem de borboletas?

Afago as flores brancas

Bravias

Que crescem livres no campo aberto

Mergulho naquele mar odorífico

E deixo-me envolver pelo suave ronronar

De três lindos gatinhos  

Que se refugiam de um sol inclemente de verão

Descansando o seu ágil corpo

Na tranquila quietude de um leito de margaridas

Que compactas e bem juntinhas

Fazem uma só

E é neste quatro idílico 

Que acabo comovendo a minha justeza 

Do olhar mais sério

Que não se deixa penetrar

Pelas razões das conveniências

E que só conhece a linguagem

Pura do Amor;

E uma lufada de vento

que sopra pausado    

Esguio e incandescente 

Passa por cima da minha cabeça

E lá no alto leio o Mantra:

- Bem-me-quer…malmequer!

DICOTOMIA

 

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Que dizer

Amor

Se já não tenho palavras

Que te salvem  

Desse lodo

Que te cerca

E te enclausura  

E que te vai matando aos poucos?

Vives na esperança

De acordares  

O pesadelo

Por fim  

Dissipou-se

E acabou por se extinguir

Milagrosamente!  

Adias, vais adiando,

A tua felicidade

Carente de um plano

E suportada

Em derrotar pelo cansaço  

Um dia vais ver o que agora não queres ver

Todos os silêncios

Que pudeste suportar

Acabaram por te conduzir

A essa estranha mulher

Tão dividida e desapontada:  

Amargurada em casa  

E regozijada na rua.  

 

SEPARADOS

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Ter-te

Na noite em que as estrelas cintilantes deslumbravam  

Nesse céu infinito

Iluminado pelo azul e amarelo das auroras boreais 

Naquele bosque

Onde os nossos corpos se irmanaram

Húmidos e em salmoura,   

Atiçados

Em chama

Acetinados

E voluptuosos,

Foi monção

Para o meu corpo adormecido

Ressequido

Anestesiado

E solitário;

Recebi da pureza da tua água

Que caiu vigorosa e firme

E que foi o alimento que,

Há muito,

Me faltava

E que eu,

Sem o saber,

Tão afanosamente buscava

Acabou penetrando

Nos meus ínfimos poros.

Estivemos unidos num só abraço

A noite inteira

E tive-te

E tu tiveste-me

Com se fossemos um só

Mas eu,

Como sempre,

Acabei caminhando sozinho

Afastei-me

Convencido que,

Em cada novo amor,

Te encontrava,

Mas em vão;

Como uma andorinha nunca esquece onde nasceu

E voa, voa, voa sem parar

Até que alcança o beiral onde seus pais a criaram

Assim eu jamais me esquecerei

Das tuas sequiosas palavras

Que aqueceram as minhas entranhas

Do teu fulgor

Que incendiou a minha paixão

Até hoje

E que vagueia, levita

Desassossegado

À tua procura

Mas não vejo as árvores,

Que naquela noite

Carregada de estrelas,

Tão tranquilas nos acolheram

Não sinto o cheiro da resina

Que penetrou nas nossas narinas

Quando jubilamos em conjunto a nossa paixão

Não ouço as tuas suaves e receosas sílabas

Com que pela primeira vez me presenciaste

Naquela Fábrica de sonhos

Que nos uniu para sempre

E já não vislumbro sequer

A praia, essa praia que me descreveste,

Onde tantas vezes me procuraste em vão

Que, dizias tu,

Estava escrito nas estrelas

Que um dia as nossas almas se encontrariam

Mas,

De cada vez que me esforço por avistá-la,

Vejo mar revolto  

Que acabou derrubando as dunas

Destruiu as plantas odoríficas

Que lustram a costa 

Arrastou as nossas silhuetas

E o vento fez o resto

Separou-nos!

E o farol

Que nos dias imersos em cerradas neblinas

Tocava aflitivo  

De tempos a tempos  

Para avisar a navegação

Silenciou-se

Já nem sequer ilumina os barcos

Nem o nosso amor

Que se dispersou pelo universo. 

 

O ESPECTRO QUE ME PERSEGUE

 

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Com que ledo

Te apresentas

Esboço

De mim

De ti

Alma angustiada

Sem descanso

Para não me dar sossego?

Exultas esse teu ódio  

Contra o bem

Tentando arruinar o meu prazenteiro amor;

Inefável vontade em destruir

Em arrasar a concórdia

A paz quando a guerra não se anuncia  

Que como penumbra que se insinua ao longe

Batalha perdida em Alcácer Quibir

Como reino sem rei

Como vida sem maceração

Atravessas paredes e projetas a obstinação

E tudo por achares que te roubei o morgado

E pareces dizer

Por cada aparição

- Ele não soube escolher a sua consorte…

E expias todas as noites em levitação

Pelas paredes que tu próprio construístes

E que,

Com tão denodado empenho,

Lutastes até ao último suspiro para que ali governasse

Uma outra rainha

E por isso

Exiges a minha expiação por te ter destruído tão absurda ideia

Mas não cedo a tais projeções

Sim, não cedo a essas insinuações de uma alma penada,

Que não me assusta  

E fixo sempre os meus olhos temerários sem titubear contra a tua penumbra

Que é como polvo sem medo

Sagaz e flibusteiro

Que busca a sua toca escura e trapaceira

Para capturar as suas presas

Mas eu não cedo a nenhuma das tuas tentações

E ergo-me sempre contra essa tua verborreia

Que já não fala

Não se expressa

Apenas se projeta à minha frente

Para me assustar

E, indestrutível, não cedo a essas tuas ameaças

Às tuas aparições ameaçadoras

Para que eu demande assombrada dali   

Mas, antes, vivo resplandecente nessas masmorras que construíste

Onde tantas vezes afugentaste a tua pobre consorte

Minha saudosa e bondosa sogra;

Tua maldade viperina

Não vencerá

Não passará

A minha arte é não ceder às quimeras dos outros

É fazer o que a minha consciência e os meus sentimentos querem fazer

E tu isso não sabes consegues

Perceber

Resolver

Mudar

O que o teu filho quis

Porque alma penada é como um gaz

Que surfa apenas nas ideias!   

 

 

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